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Mostrando postagens de março, 2015

Das Coisas que aprendi - Entrevista com Daniel Munduruku

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8 DE MARÇO DE 2015  /  FRANCÉLIA PEREIRA Daniel Munduruku  é um nome que se destaca dentro da Literatura Indígena brasileira e é uma voz de destaque não só para os povos indígenas tradicionais do Brasil, mas do mundo todo; pois suas palavras não se restringem a questões exclusivas do povo Munduruku, elas expressam uma essência humana que vem se perdendo na proporção em que a “cultura” capitalista ganha espaço.

SAUDADES DE CASA

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Acordei com saudade de casa. Não com é saudade de gente, mas de lugar. Saudade do cheiro da chuva das três horas. Saudade do calor ventilado. Saudade do canto das araras voando sobre as mangueiras recheadas de magia. Senti saudade do Theatro da Paz e da praça Batista Campos, um oásis de minha infância. Saudade do açaí com pirarucu na tigela. Do tacacá ao meio dia. Saudade de ver-o-peso e ver as belezas naturais. Saudade do boto e do peixe-boi. Fechei os olhos e me vi lá banhando nos igarapés de minha criancice; subindo nas árvores gigantes, meu orgulho. Fui até meu maracanã, aldeia de outrora, para encontrar-me com os meus amigos invisíveis que habitavam o lugar. Banhei na chuva fina. Me lambuzei na lama. Corri no mato empunhando arco, flechas e sonhos. Hoje acordei com saudade de casa. Me deu vontade de cantar para o uirapuru, imitar a Yara, gargalhar como o Curupira e encantar como o boto. Senti ausência do saber sagrado. Do silêncio do silêncio. Do farfalhar miúdo das folh...

FICHA DE INSCRIÇÃO PARA O ECOHVALE - 1º ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS DO VALE DO PARAÍBA

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ORIENTAÇÕES PARA EFETIVAR AS INSCRIÇÕES NO ECOHVALE 1] É obrigatório o preenchimento de todos os dados solicitados na ficha; 2] Só será considerado inscrito no ECOHVALE  quando for confirmado o pagamento dentro do prazo estabelecido (comprovante digitalizado de depósito, informação sobre número da operação ou fotografia do comprovante anexado ao email); 3] O pagamento dá direito a participar de todas as atividades abertas e a uma oficina. Caso deseje participar de uma segunda oficina, o inscrito deverá pagar uma taxa extra de R$ 10,00 (inscrições antecipadas); 4] O inscrito só poderá optar por participar de duas atividades dirigidas (maratona de contação de histórias, redemoinho de histórias, contação de histórias na Bibliuka, contação na biblioteca municipal) sendo uma de livre escolha e outra por indicação da organização; 5] As vagas são limitadas e estarão garantidas mediante comprovação de inscrição. Lembramos que as atividades abertas (palestras, shows...

A MOÇA ALDEÃ E O ALAZÃO

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Eis que um dia estava eu em visita a um museu europeu - de que não lembro o nome - e me deparei com o quadro abaixo. Fiquei um bom tempo ali imaginando a cena que se desenrolava. No frisson do momento, fiz o texto abaixo. Pura licença poética. Espero que gostem. ___________________________________________________________________________ A MOÇA ALDEÃ E O ALAZÃO A  menina desmontou lentamente do alazão branco que a trouxera da aldeia até aquele reduto onde costumeiramente se refugiava para tomar seu banho longe dos olhares curiosos dos aldeões. Aliviada dos afazeres do lar, a jovem procurou um lugar sob frondosa árvore que lhe permitia admirar a lagoa que se formava sob a queda d’água que a menina jurava ter sido colocada ali para seu deleite. Lentamente desatou os longos cabelos louros, presos que estavam no alto da cabeça. Fez isso saboreando cada segundo, sentindo o vento que soprava sua nuca arrepiando os pelos que cobriam sua alva pele. Já de cab...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

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(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...

É assim que sabemos educar

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De vez enquanto conseguimos reunir grupo de educadores que desejam imergir na cultura dos povos indígenas. Entre conversas e diálogos sempre deixamos tempo para interagir e mostrar, na prática, como é educar o pensamento circular, A foto abaixo é um exemplo de como a vida pode caminhar para a perfeição quando a gente se deixa envolver e aceitar que é preciso respeitar os passos de cada pessoa. Em breve iremos abrir uma turma de criação literária. Aguardem!!!