FILHOS DA MESMA FLORESTA
Sou paraense com muito orgulho. Nascido no norte do Brasil trago em mim as marcas da Amazônia, seus cantos, seus ritmos, sua ginga, sua magia e seus dramas. Está tudo em mim e ainda que eu quisesse retirar não conseguiria. O Pará está em mim ainda que hoje não more nele. Ele reverbera em mim no meu jeito de falar, de gesticular; pela farinha de mandioca, pela tapioca, pelo tucupi, pelo tacacá; pelo prato misturado; pelo gingado corporal que me ajuda a dançar o carimbó do mestre Pinduca, o siriá do mestre Verequete; pelas cerâmicas que enfeitam minhas paredes ou pelos cocares de seus povos ancestrais que teimam em me lembrar quem sou eu. Sou paraense porque trago em mim as marcas dos nossos rios, o gosto de nossos peixes, o canto de nossos pássaros, as danças dos antepassados, o caranguejo extraído dos manguezais, o remanso de nossas canoas, barcos, catamarãs e balsas; a crença no saci, na Yara, na mula-sem-cabeça, no fogo fátuo, no curupira, na matintaperera, no vira-porco, no lob...