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Mostrando postagens de outubro 15, 2007

O tempo da leitura e a leitura do tempo

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(Texto apresentado em Bogotá, Colômbia, em 08 de outubro de 2007, por ocasião do Congresso de Literatura Brasil - Colômbia.) Em primeiro lugar gostaria de cumprimentar a todos os presentes na língua de meu povo Munduruku. É um cumprimento que se faz sempre que a gente chega a um lugar para uma visita, para contar histórias ou trazer noticias de outros lugares. É uma forma de dizer que um encontro verdadeiro é aquele em que a gente sempre sai melhor, mais forte, mas sábio, mais humano. Meu povo munduruku está presente em três estados brasileiros: Amazonas – onde aconteceu o primeiro contato com a sociedade brasileira; no Pará – onde os munduruku tiveram uma importante atuação na história local e onde nasci e cresci; e no Mato Grosso – para onde migraram algumas famílias na década de 1980. Este povo tem, portanto, uma relação antiga com a sociedade nacional tendo que adaptar-se em seu ser cultural para continuar vivo. Esta adaptação foi feita sobretudo no que se refere à necessidade de i...

Lançamento de livro em São Paulo

Será no próximo dia 20, a partir das 14 horas, o lançamento do mais recente livro de Daniel Munduruku. "O olho bom do Menino", lançado pela Editora Brinque Book, é um texto que fala sobre valores essenciais do ser humano e que precisam ser resgatados pela sociedade. O lançamento acontecerá na FNAC de Pinheiros. Na ocasião o autor irá autografar outros livros de sua autoria. Assecom.

Educação Indígena: do corpo, da mente e do espírito

Educar é fazer sonhar. Essa forma de falar sobre a Educação Indígena foi sendo construída à medida que fui refletindo sobre minha infância e adolescência no interior da cultura Munduruku. (...) Minha compreensão aumentou quando em grupo deitávamos sob a luz das estrelas para contemplá-las procurando imaginar o universo imenso diante de nós, que nossos pajés tinham visitado em sonhos. Educação para nós se dava no silêncio. Nossos pais nos ensinavam a sonhar com aquilo que desejávamos. (...) Aprendi a ser índio, pois aprendi a sonhar. Ia para outras paragens. Passeava nelas. Aprendia com elas. Percebi que na sociedade indígena, educar é arrancar de dentro para fora, fazer brotar os sonhos e, às vezes, rir do mistério da vida. (MUNDURUKU, 1996). A educação indígena é muito concreta, mas é ao mesmo tempo mágica. Ela se realiza em distintos espaços sociais que nos lembram sempre que não pode haver distinção entre o concreto dos afazeres e aprendizados e a mágica da própria existência que se...