A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro divulgou carta hoje (1º de setembro) repudiando o acordo firmado entre a Secretaria Estadual de Povos Indígenas do Amazonas (Seind) e empresa mineradora canadense Cosigo para realização de inventário das potencialidades de mineração na região do município de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro, e na calha do Rio Japurá.
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De acordo com reportagem publicada no jornal A Crítica, de Manaus, na última segunda-feira (29/8), no documento, as partes se comprometem a consultar as comunidades indígenas, organizações e lideranças, para obter a anuência prévia e poder realizar o inventário. A assinatura do acordo teve a intermediação da Secretaria de Estado de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (SEMGRH). Ainda segundo a reportagem, a Cosigo já tem nove propriedades requeridas no município de Japurá, localizado a quase 1 500 quilômetros da capital do Estado do Amazonas para trabalhar na exploração de ouro e alumínio.
Na carta divulgada hoje, a Foirn relata e justifica sua indignação: “O movimento indígena do rio Negro está perplexo e indignado com a atitude da SEIND, órgão governamental, em assumir uma posição favorável à exploração mineral nas Terras Indígenas, no estado do Amazonas e em especial, na região do rio Negro, quando essa temática em nível regional e nacional é problemática e encontra-se em debate acirrado inclusive aguardando a regulamentação da CONSTITUIÇÃO FEDERAL (Art.231,§3 e Art.176,§ 1), pois impacta diretamente a sustentabilidade socioambiental dos povos indígenas”.
A Foirn expressa sua indignação ao fato de a Seind considerar a exploração mineral na região do Rio Negro uma possibilidade de melhoria da vida dos povos indígenas e lembra que a região sofreu com a atividade de extração de ouro nas décadas de 1980 e 1990 por duas empresas de mineração, que terminaram expulsas pelo movimento indígena. A carta alerta para o fato de que as lideranças que assinaram o acordo sequer são representantes das associações de base. E que representam apenas seus próprios interesses.
Conforme reportagem publicada pela imprensa da Colômbia, em maio, a Cosigo está instalada do lado colombiano do Rio Apapóris provocando conflitos com as comunidades indígenas da região ao explorar ouro em território considerado sagrado pelos indígenas.
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A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...
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