TÁ NA PAUTA
Tenho o hábito de ler vários livros ao mesmo tempo. Dependendo
do lugar onde estou – em casa, no banco, na praça, no avião...- o livro muda. Quando
estou sem um livro para ler fico inquieto, sinto um vazio, uma ausência: meio
saudade, meio carência.
Em casa estou lendo
Crime e Castigo[i] do russo Fiódor Dostoiévisk. É um livro que estava na
minha biblioteca a algum tempo. Ele me olhava desconfiado e eu o olhava
entediado. É um livro muito grande, grosso e pesado. Recentemente criei coragem
e o retirei da estante e comecei a folheá-lo desinteressado. No entanto, logo
nas primeiras páginas fiquei impressionado com a narrativa que o autor apresenta.
Fui sendo seduzido aos poucos e, só então, decidi que iria encarar sua leitura.
Decidi, no entanto, que seria uma leitura doméstica. O volume dele é grande
demais para caber na mochila itinerante que carrego. O ruim disso tudo é que as
vezes me pego pensando nele e fico com muita vontade de retomar a leitura. É um
motivo a mais para voltar para casa.

Fora de casa levo livros mais fáceis de ler e carregar. Algumas
vezes leio livros que tenham a ver com minha atuação militante. Atualmente leio
coisas voltadas ao mundo da leitura. Recentemente adquiri o belo livro escrito
por minha amiga Silvia Castrilon
“O direito de ler e escrever”[ii]
onde disserta sobre temas relevantes para quem lida com a formação dos
formadores de leitores. Que leitura boa! Luminosa! Envolvente! Tudo de bom,
como dizem os jovens. Pena que é curtinho e deixa um gosto de quero mais no
leitor. Eu quero mais...

Nesta última viagem estava sem livro para ler. Para minha
surpresa, andando pelo aeroporto de Cuiabá, encontrei uma loja que ostentava
uma gôndola da editora L&PM. Fui lá e passei a conferir os volumes
expostos. Foi quando me deparei com um único exemplar do livro de Martha
Medeiros
“Trem-Bala”[iii]. Como gosto de crônicas procurei negociar com a
vendedora por se tratar de um livro de mostruário e já estava um pouco
desgastado. Consegui um abatimento no preço e saí com meu novo exemplar embaixo
do braço para ler no voo que me levaria para o interior do Mato Grosso.
Martha Medeiros é uma artista. Suas crônicas são deliciosas.
Trazem um olhar feminino sobre as relações que fazem o leitor rir, refletir,
digerir e até sonhar. Diversas vezes me peguei invejando o talento cronístico
da escritora. Queria escrever desse jeito: dizer muito com tão poucas canetadas!
É delicioso ler suas palavras. Estou adorando.
[i] Minha versão de Crime e Castigo foi
publicada pela editora 34
[ii] Editora Pulo do Gato
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