Brasil, mostra tua cara! – Cristino Wapichana
Mas chegou a pólvora, a ganância, a doença, as correntes, a cana de açúcar, o café, o cavalo, o boio, o chicote, a escrita, a moeda e nomearam este lugar, dando-lhe o nome de Brasil. Ai vieram mais coisas: Monarquia com Dom João VI e seus dons Pedro I e II, e um deles ate bradou: Independência o Morte! Ambas deram luz a democracia. Neste período, já éramos metade dos povos indígenas de 1.500. Mas o importante foi o avanço que o País deu e ai é que apareceram mais coisas: Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e Federais, governadores e presidentes.
Mas a democracia tomou um golpe duro dos milicos que decidiram alavancar de vez trazendo a “Ordem” e o “Progresso” e indígena não se encaixava na palavra e nem no sentido da palavra progresso. Neste período as estradas cortavam o País e eliminando florestas, serrados com toda sua biodiversidade, povos indígenas inteiros foram massacrados, dominados e expulsos e excluídos da sociedade brasileira a tiros e bombas. Os territórios indígenas deram lugar as fazendas de bois, plantações de milhos, soja, cana… Mas em 1985 a Democracia devolveu ao povo o poder! Os políticos eleitos com o voto do povo retornam loucos para representar legitimamente o povo brasileiro. Corrupção, se torna o carro chefe e quadrilhas organizadas e legalizadas desviam verbas por todos os cantos deste Brasil! Ai aparece um galã que se candidata a presidente para moralizar e acabar com os “Marajás” que ganham altos salários as custas do Povo! O povo o elege e o aclama como o homem que tirará o País do caos da corrupção. Na metade de seu mandato, é expulso da presidência pelos “Caras Pintadas”. Agora somos menos de 300.000 indígenas espalhados e amordaçados por becos, vielas e restingas pelo deste Brasil. Não temos muitas esperanças. Mas ai aparecem as “Ongs” as pastorais, o Cimi, as missões evangélicas, as assembleias indígenas associações indígenas, constituição de 1988, a imprensa internacional e achamos que vamos ter uma “Upgrade” porque agora temos também indígenas nas Universidades, Faculdades e cursos técnicos, indígenas com notebooks com internet, celulares, carros… mas nada disso diminui os assassinatos de lideranças indígenas por todo o País, a ferro a fogo.
Hoje segundo o ultimo senso, somos quase um milhão de indígenas presentes e todos os Estados e Distrito Federal, somando 302 povos sobreviventes, falando 180 línguas morando num País que empresta seu território para que os verdadeiros habitantes morem e vivam sua cultura, podendo ser expulsos a qualquer momento das terras onde seus ancestrais estão pela exploração ou interesse do País como se nos fossemos objetos inanimados sem qualquer vinculo com estas terras e com esta sociedade inventada a menos de 513 anos?
Como pode no sec. XXI uma “Nação” indígena inteira esta ameaçada de desaparecer por causas de uma meia dúzia de fazendeiros que se enriquece a custa da destruição da biodiversidade e massacra há anos os Indígenas Guarani-Kaiowá e as autoridades não tomam uma decisão a favor da vida. O Brasil tem uma divida extrema para com os povos indígenas que moram nas terras emprestadas no Brasil, é um divida historia pelas violências causadas desde a invasão em 1500.
Autoridades, o sangue indígena que derramaram não choramos mas por ele, mas choramos pelos que ainda derramam.
Brasil, pinte sua cara e mostre que somos irmãos de sangue, vamos mostrar de onde vem o poder da democracia e vamos impedir o massacre do povo Guarani-Kaiowá e dos povos indígenas brasileiros.
Cristino Wapichana.
Oi Cristino, voce sabia que não existe nenhuma prova de que os indios realmente comiam os gurerreiros "vencidos" e que essa mentira foi empregada para dizer que os indios não tinham "alma" e assim justificar o assassinato de milhares de indios? Quando o europeu invadiu as terras das Américas, criou-se a teoria do "bom-selvagem" e isso gerou uma revolução no "velho mundo". A ideia do "canibalismo" entre os índios foi para dizer que eles eram monstros e perversos o que facilitou o extermínio de diversas etnias. Darci Ribeiro foi um dos poucos antropólogos que tentou desmentir esse absurdo.
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