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Garimpeiros brasileiros massacraram 80 índios na Amazônia venezuelana


QUARTA, 29 DE AGOSTO DE 2012
Um total de 80 índios da comunidade ianomâmi localizados no estado (venezuelano) do Amazonas foram assassinados por garimpeiros, de acordo com denúncia da Promotoria Superior de Porto Ayacucho e integrantes do HOY (Horonami Organização Ianomâmi), informa o jornal venezuelano El Nacional.
O massacre ocorreu em 5 de julho e virou notícia porque três homens da comunidade sobreviveram, pois neste dia saíram muito cedo pra caçar”, explicou Luis Sahpiwe, secretário executivo da organização.
A solicitação foi apresentada ao Ministério Público e também na sede da Defensoria do Povo, localizadas em Porto Ayacucho, capital do estado venezuelano do Amazonas.
No texto, pedem que se investigue o ocorrido, que as autoridades visitem o lugar dos fatos (a comunidade de Irotatheri, que fica a vários dias de viagem, a pé, pelo Rio Ocamo) e que o Estado acione mecanismos binacionais com o Brasil para desalojar os garimpeiros da região, mantendo vigilância por lá.
“Segundo a informação recebida, um grupo de garimpeiros brasileiros chegou à comunidade de Irotatheri (de acordo com os testemunhos de três sobreviventes que se encontravam caçando) atacando com armas de fogo e explosivos. Os sobreviventes da comunidade que se encontravam na selva escutaram ruídos de disparos, explosivos e, inclusive, a aterrissagem de um helicóptero, no qual teriam chegado os mineradores”, assinala o documento.
Sahpiwe assegurou que, de acordo com os testemunhos dos sobreviventes, o helicóptero sobrevoou muito de perto do “shabono” (espécie de oca gigante) onde vivia a comunidade, de onde começaram a disparar e incendiar a estrutura, construída principalmente de palha.
“Membros da comunidade de Hokomawe que visitavam a comunidade Irotatheri perceberam o shabono queimado, os corpos carbonizados e se encontraram com os três sobreviventes”, afirma o pedido de investigação.
O secretário executivo da HOY explicou que, com base no testemunho dos três que sobreviveram, dos três indígenas em visita e de um grupo de 14 pessoas que se transportaram até o local dos fatos, todos se apresentaram na 52ª Brigada de Infantaria da Selva e Guarnição Militar de Porto Ayacucho, e no dia 21 de agosto uma comissão se dirigiu até as comunidades indígenas que testemunharam o fato.
“Esse novo massacre ocorre justo quando no ano que vem se completam 20 anos do massacre de Haximú, na qual foram assassinados por garimpeiros 16 índios ianomâmis, em maioria mulheres, crianças e idosos”,
“Isso é um massacre contra o povo ianomâmi”, concluiu Sahpiwe.

Por Diana Lozano Perafán, El Nacional
Tradução: Gabriel Brito, Correio da Cidadania.
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM QUI, 30 DE AGOSTO DE 2012

Organizações indígenas venezuelanas denunciam novo genocídio de Yanomami por garimpeiros brasileiros
[29/08/2012 10:43]

O relato está baseado no depoimento de três sobreviventes, que estavam na floresta no momento do ataque dos garimpeiros contra a casa coletiva da comunidade Irotatheri, na fronteira do Brasil com a Venezuela. O número de mortos ainda é incerto
Depois de 20 anos do massacre realizado por garimpeiros brasileiros contra os Yanomami, no caso conhecido como Massacre de Haximú, três sobreviventes relatam nova barbárie ocorrida em julho deste ano em território venezuelano
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiam), que congrega 13 organizações indígenas da Amazônia Venezuelana, divulgou nesta segunda-feira (28), documento baseado no relato de sobreviventes Yanomami, da comunidade Irotatheri, localizada nas cabeceiras do Rio Ocamo, na fronteira do Brasil com a Venezuela. O relao dá conta de que garimpeiros cercaram a casa coletiva e dispararam contra eles, posteriormente ateando fogo à casa. Os sobreviventes estavam na floresta no momento do ataque. O número de mortos ainda é incerto.
O documento faz referências ás frequentes denúncias dos Yanomami, que têm sido feitas desde 2009 aos diversos órgãos do Estado Venezuelano, sobre a crescente invasão garimpeira e o consequente aumento da violência entre os garimpeiros e os índios. Violência física, ameaças e a contaminação da água por uso de mercúrio causando a morte de vários Yanomami são alguns dos exemplos citados.
No Brasil, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) e o ISA vem alertando para o aumento do garimpo ilegal no território Yanomami , impulsionado pela alta do preço do ouro no mercado internacional. Soma-se a isso ainda a insuficiência das ações governamentais para coibir o garimpo, gerando um recrudescimento da violência entre garimpeiros e os Yanomami, que podeira resultar em um novo massacre de Haximu (saiba mais).
As operações de repressão ao garimpo em Terra Indígena Yanomami aumentaram no Brasil nos últimos dois anos. Em julho último, a Operação Xawara teve como foco a prisão de empresários do garimpo e de não garimpeiros, com resultados mais positivos em relação às ações de combate ocorridas até então. No entanto, estas medidas não foram suficientes para impedir a escalada da violência entre o povo Yanomami e os garimpeiros. Para tanto, é necessário continuar combatendo os empresários do garimpo em uma ação de cooperação binacional, que considere a participação dos Yanomami.
O documento da Coiam solicita ao governo da Venezuela que realize uma investigação urgente, além de adotar medidas bilaterais com o Brasil para controlar e vigiar a entrada de garimpeiros no município de Alto Ocamo, local do massacre. As organizações signatárias do documento lembram ainda que a omissão de investigar e tomar medidas eficazes, como no caso de Haximu em 1993, poderia compromenter a responsabilidade internacional do Estado Venezuelano, por permitir que agentes externos agridam os venezuelanos, no caso os Yanomami, em seu próprio território.
ISA, Instituto Socioambiental.

Comentários

  1. boa tarde, estou procurando um contato, e-mail de daniel mundukuru para podermos formalizar um convite para o Primeiro Festival de Ilustracão e Literatura na Bahia.

    meu e-mail é : levanah88@gmail.com
    aguardo contato urgente

    flávia

    ResponderExcluir
  2. Olá Flávia Bomfim.
    O e-mail é dmunduruku@gmail.com.

    Xipat Oboré

    ResponderExcluir

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