Governo da Venezuela confirmou oito mortes pela doença entre índios.
Funasa diz que vírus não chegou aos yanomamis do Brasil.
“Nossos parentes pediram para a gente se preparar para a gripe e não ir para lá. Agora, ninguém está visitando ninguém”, conta.
Segundo a Funasa, há cerca de 18 mil yanomamis no Brasil. Para não espalhar a nova gripe, eles deixaram de cruzar a fronteira para visitar parentes. (Foto: Fiona Watson/Survival)
De acordo com o Ministério do Poder Popular para os Povos Indígenas da Venezuela, oito índios morreram infectados pela gripe A no sul do país, nos últimos 15 dias, e outros 17 casos da doença foram confirmados na Venezuela.
A Funasa, responsável pela saúde indígena no Brasil, descarta que o vírus da nova gripe esteja circulando entre os yanomamis do Brasilde Roraima e do Amazonas, que somam cerca de 18 mil pessoas. De acordo com a fundação, uma barreira sanitária natural dificulta o contato dos indígenas brasileiros com os venezuelanos possivelmente infectados.
O distanciamento entre os índios do Brasil e da Venezuela representa uma mudança nos costumes desse povo.os yanomamis. “A vida social dos yanomamis é de visitar malocas que ficam a dias de caminhada pela floresta. A fronteira [entre Brasil e Venezuela] para eles não faz sentido", diz Fiona Watson, ativista da ONG inglesa Survival International, especializada na defesa de povos indígenas.
Terra indígena dos yanomamis brasileiros fica na fronteira com a Venezuela, próxima às aldeias onde houve mortes e infecções pela nova gripe. (Foto: Arte/G1)
Baixa imunidade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as populações indígenas como grupos que enfrentam um perigo maior de hospitalização e morte, quando infectadas pelo vírus H1N1. De acordo com a OMS, estudos apontam um risco de quatro a cinco vezes maior entre esses povos, em relação à população em geral.
O médico especialista em doenças infecciosas, Ulisses Confalonieri , professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que os yanomamis são mais suscetíveis a certas doenças, porque a imunidade depende do contato por um longo período com vírus e bactériascontinuado com agentes que causam as infecções.
“No Brasil, muitos jovens morreram infectados pela gripe A, porque nunca tinham haviam tido contato com o vírus H1N1. Com os yanomamis, pode acontecer o mesmo. Como eles vivem isolados da sociedade, em geral, são menos resistentes a essa doença”, diz.
Preocupado com a disseminação do vírus entre os yanomamis brasileiros, apesar de eles já terem se distanciado dos parentes venezuelanos, o líder indígena Davi Yanomami diz que as autoridades precisam estar alertas.
“Eu quero que os médicos brasileiros fiquem prevenidos e preparados para não faltar remédio e equipamentos quando a gripe chegar. Nosso governo tem que ficar atento para não deixar nossas crianças e o nosso povo morrerem”, diz.
Em nota, a Funasa informou que mais de 260 profissionais da saúde atendem os yanomamis em Roraima e no Amazonas, e que um novo alerta foi dado às equipes para que reforcem a atenção com relação às medidas preventivas para os povos indígenas. A fundação disse, ainda, está preparada com avião e helicóptero, caso precise fazer remoção de indígenas para tratamento em Boa Vista, a capital mais próximana capital.
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