Pular para o conteúdo principal

Roda de histórias movimenta público no Palácio da Instrução

Cuiabá / Várzea Grande, 07/10/2009 - 13:27.

Da Redação

Histórias, mitos, música e ritos. Assim iniciou a primeira roda de conversas indígenas da Feira do Livro Indígena de Mato Grosso na manhã desta quarta-feira (07) em Cuiabá. As rodas serão sempre no Pavilhão do Palácio, localizado aos fundos do Palácio da Instrução. Elias Maraguá, da etnia Maraguá iniciou um bate-papo com os alunos da Escola Estadual Presidente Médici, falando sobre os costumes de seu povo. Elias explicou aspectos culturais como a utilização de cocares, ornamentos e vestimentas. Em seguida, os pajés Manoel Moura Tukano e Álvaro Tukano (ambos da Etnia Tukano), realizaram um rito de iniciação. Eles explicaram que este é o rito realizado pelos tukanos pra iniciar uma conversa com os mais jovens.

Com uma grande interação, os alunos assistiram as apresentações musicais realizadas por Marcio Bororo, Jucélio Paresi e Cristino Wapichana. Eliane Potiguara e Eli Macuxi contaram histórias e mitos de seus povos, lembrando sempre, que tudo, faz parte de uma grande memória e da ancestralidade. Para encerrar, o jovem Carlos Tiago, da Etnia Satere Mawe recitou uma poesia que compõe a Antologia de escritores indígenas lançada na noite da terça-feira, durante a Feira.

VENDA DE LIVROS E VISITAÇÃO ESCOLAR

A visitação escolar está sendo realizada com o acompanhamento de monitores e tem duração de uma hora e meia. Os estudantes podem participar das palestras, oficinas, contação de histórias e pintura corporal.

Já as editoras e livrarias estão comercializando obras no Fundo do Palácio da Instrução. No local tem também os lançamentos e rodas de histórias.

Para participar das atividades confira a programação no site da Secretaria de Estado de Cultura.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...