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Notícias dos povos indígenas

ONG é suspeita de desvio na Funasa, aponta procurador
O Ministério Público Federal de Santa Catarina investiga repasse milionário da Funasa à associação Projeto Rondon, de Santa Catarina. Segundo a CPI das ONGs, a entidade foi a que mais recebeu recursos do órgão de 1999, quando começou a prestar assistência à saúde indígena, até 2007. O Ministério Público Federal já encontrou indícios de que a ONG não atua na maioria das aldeias em que deveria e que inexiste controle da Funasa sobre suas atividades. A ONG deveria atuar em quatro Estados: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. "Há municípios que nunca foram atendidos pela ONG, podendo-se concluir que o número de índios efetivamente assistidos é muito inferior ao 38.658 contabilizados oficialmente", diz relatório do procurador Celso Três. Ele descobriu que a Funasa nem sequer sabe quanto repassou para a entidade - FSP, 28/11, Brasil, p.A4.

Contratos são da gestão passada, diz Funasa
A Funasa disse ontem que irá analisar as denúncias do Ministério Público Federal, mas ressaltou que os convênios com a ONG Projeto Rondon foram firmados na gestão passada. A coordenadora da ONG, Cleide Maria Marques Grando, negou as irregularidades e disse que a entidade atende todas as aldeias previstas nos convênios com a Funasa. Segundo ela, ao contrário do que diz o procurador Celso Três, a ONG tem uma equipe de profissionais qualificados para atender os índios e que não há objeção em se quebrar os sigilos da entidade. Sobre os municípios citados no relatório do procurador como não atendidos pela ONG, ela disse que cada um tem sua "especificidade" e recomendou ao procurador que "leia os contratos" - FSP, 28/11, Brasil, p.A4.

Realidade dos kaiowás é pior do que a ficção
"Uma das maiores forças do filme 'Terra Vermelha', de Marco Bechis, é fazer um retrato ficcional da situação dos kaiowás sem quase nada exagerar ou excluir da realidade. Bechis nos deu suicídios, a tragédia pela qual os kaiowás eram mais conhecidos até pouco tempo atrás. Mas poupou-nos de outras cenas chocantes do cotidiano do grupo, como a de índios revirando o lixão de Dourados e a das mortes de dezenas de bebês por desnutrição. Quem diz que há muita terra para pouco índio no Brasil deveria passear pelo sul de MS, onde um território tradicional de mais de 6 milhões de hectares foi retalhado em 'ilhas' com no máximo algumas centenas de hectares cada uma. Nelas espremem-se 30 mil índios de dois grupos guaranis (kaiowás e ñandevas). Resta aos kaiowás venderem sua força de trabalho como bóias-frias, empregadas domésticas ou peões de fazenda", artigo de Claudio Angelo - FSP, 28/11, Ilustrada, p.E6.

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