Pular para o conteúdo principal

Povo Guarani da Região de Parelheiros - SP Sofrem Atentados a Bala Por Proprietários Ilegais da Região



No dia 19 de Abril de 2012, saiu no Diário Oficial da União a publicação da ampliação das terras guaranis na região de Parelheiros em São Paulo, de apenas 20 hectares para 15.969 hectares de terra. Uma conquista comemorada no dia 19 de Abril com muita emoção pelos guaranis das aldeias Krucutu e Tenonde Porã.

Porém , desde então, os índios daquela região vem sofrendo ameaças por parte dos proprietários de terras griladas da região que, mesmo estando em situação irregular, não pretendem desocupar as terras que agora pertencem oficialmente ao povo guarani m'bya.
Logo na semana seguinte, homens desconhecidos estiveram na região da aldeia Tenonde Porã e alertaram à alguns índios que ali estavam conversando, que esta situação não iria ficar assim. Se retiraram e logo começaram os atentados.

Carros ocupados com homens desconhecidos rondam as dependências das aldeias sempre no final da tarde e inicio da noite, observando o movimento das aldeias e olhando para os jovens e crianças de forma ameaçadora.

No domingo dia 27 de maio, homens desconhecidos apontaram armas de fogo para um jovem guarani que colhia lenha no final da tarde. Na sexta-feira dia 1° de junho, dois jovens guaranis sobreviveram a um ataque com armas de fogo, onde dois carros com 3 pessoas cada um pararam diante dos jovens e dispararam 4 tiros contra os jovens que se jogaram na mata se escondendo atras de uma árvore. No ultimo Sábado, dia 2 de junho, um carro preto com 4 homens armados foi visto rondando a região.

Eu vim buscar alguns documentos aqui quando vi o carro. Ele passou devagar. Tinha 4 pessoas dentro. Eram homens. Olhavam pra aldeia como se procurassem alguem. Depois parou, ficou um tempo parado, depois seguiu devagar e foi embora. As pessoas do carro ficavam olhando pra aldeia o tempo todo como se procurasse alguém. Eu achei muito estranho." Contou uma moça, funcionária do CECI Tenonde Porã, cujo nome deve ser preservado por questão de segurança a pedido da mesma e do cacique da aldeia.

O cacique da aldeia conta que logo após a oficialização da ampliação das terras, iniciaram-se as ameaças, as repressões e os atentados. O principal alvo dos pistoleiros são as crianças de 9 à 16 anos que saem de suas casas no final da tarde pra colher lenha. O medo se instalou por toda a aldeia.

"outro dia veio um senhor aqui dono de um desses sitios que fica por aqui, veio com mais dois e disse que vai matar os indios e que não vai sair da terra por que a terra é dele. Eu me preocupo pelos jovens por que eles atacam sempre quando eles vão buscar lenha no finalzinho da tarde."


Ao que consta em documentações, das 12 propriedades da região, apenas 3 tem escritura legalizada e esta em situação regular. Todas as outras estão em situação ilegal e terão que sair do local sem direito a indenização.

O cacique da aldeia juntamente com as demais lideranças vão elaborar um documento detalhado sobre a situação que permeia a região e coloca em grave risco os indígenas residentes, com um pedido de proteção policial e encaminhará ao ministério publico e policia federal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...