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Mostrando postagens de abril, 2010

Um texto para refletir (de João Pacheco)‏

Autênticos em 1500,hoje ou em 2154? João Pacheco de Oliveira ● É comum jornais, filmes e comerciais de TV suporem que os índios são (ou deveriam ser) iguais àqueles descritos pelos primeiros cronistas, inteiramente exteriores ao universo ocidental. Nessa representação, o tempo transcorreu de modo absolutamente diverso para “brancos” e “índios”. Uns, os não indígenas, estão situados na História e se caracterizam pela variabilidade, mudança e complexidade. Os outros, os indígenas, são como estátuas de pedra, que apenas podem apresentar-se como idênticas ao que antes (supostamente) eram. Recusar ao índio a História e o exercício da própria voz, imaginando-o apenas antes da chegada dos brancos, é um expediente útil para silenciar sobre o violento processo de colonização, propiciando uma autoanistia aos colonizadores. É essa categoria redonda, inteiramente infensa à História, plena de seduções e lisa de culpas, que o senso comum repete e consagra incessantemente. Em estudos anteriores, eu...

Conclave com cem caciques decidirá resposta contra hidrelétrica

Índios da região do Rio Xingu, no sudoeste do Pará, abandonaram pelo menos por enquanto quaisquer ideias mais radicais para lutar contra construção da Hidrelétrica de Belo Monte. Reunidos em assembleia nos dois últimos dias, em Altamira, a cerca de 900 quilômetros a sudoeste de Belém, eles decidiram fazer um conclave envolvendo todos os caciques da região, cerca de 100. No encontro - ainda sem data marcada, por causa da logística de transporte que envolve dias e dias em jornadas de canoas, dinheiro para contratar aviões e voadeiras - eles pretendem cobrar do governo explicações mais detalhadas sobre a obra e, principalmente, sobre o alcance da barragem, que deverá ter cerca de 500 quilômetros quadrados. No domingo, o cacique Akiaboro, líder geral de todas as aldeias Caiapó, havia afirmado que os índios poderiam ir à luta, talvez até sangrenta, contra a construção da usina. "Ou o governo inicia um diálogo com os índios ou teremos de ir à guerra. Isso será muito ruim, porque haverá...

Museu de Pré-História Casa Dom Aquino dá início ao III Encontro Indígena

Da Redação Para nós todo dia é dia do índio”. Esta frase é do indígena Márcio Parameriri, da etnia Bororo, que integrou a mesa redonda que deu início as atividades do III Encontro Indígena, que acontece hoje (19.04), no Museu de Pré-História Casa Dom Aquino, em celebração ao Dia do Índio. Compondo a mesa junto a ele estavam Suzana Hirooka, coordenadora da Casa Dom Aquino, os indígenas Onizokaece (Paresi), Yamalui (Kuikuro), Tuínaki (Karajá), Tserité (Xavante) e representando a Secretaria de Estado de Cultura, o secretário Oscemário Daltro, a coordenadora de Ações Artístico-Cultural, Ana Moreira, e a coordenadora de Patrimônio Histórico, Maria Antúlia. O Encontro teve início logo pela manhã, conforme a programação, com a abertura da Academia dos Saberes Indígenas. Márcio destaca que este será um espaço democrático aberto para todas as etnias participar e contribuir. De acordo com ele, esta ação é importante por se preocupar em registrar a memória e riqueza da cultura indígena. “O povo ...

A milenar arte de educar dos povos indígenas

Daniel Munduruku · Lorena, SP 19/04/2010 Educar é dar sentido. É dar sentido ao nosso estar no mundo. Nossos corpos precisam desse sentido para se realizar plenamente. Mas também nossos corpos são vazios de imagens e elas precisam fazer parte da nossa mente para possamos dar respostas ao que se nos apresenta diuturnamente como desafios da existência. É por isso que não basta dar alimento apenas ao corpo, é preciso também alimentar a alma, o espírito. Sem comida o corpo enfraquece e sem sentido é a alma que se entrega ao vazio da existência. A educação tradicional entre os povos indígenas se preocupa com esta tríplice necessidade: do corpo, da mente e do espírito. É uma preocupação que entende o corpo como algo prenhe de necessidades para poder se manter vivo. Esta visão de educação é sustentada pela idéia de que cada ser humano precisa viver intensamente seu momento. A criança indígena é, então, provocada para ser radicalmente criança. Não se pergunta nunca a ela o que pretende ser...

Usina Belo Monte: Alternativas energéticas para um Brasil sustentável.

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Com a vitória do consórcio liderado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e a Queiroz Galvão , chega ao final uma novela que começou no período da ditadura, mas especificamente em 1975. A construção da usina Belo Monte, no rio Xingu, no estado do Pará, é motivo de discordância entre ambientalistas, índios, comunidades ribeirinhas e o governo e as principais indústrias do setor elétrico. Enquanto uns argumentam que a hidrelétrica - considerada a terceira maior do mundo - vai tirar o Brasil do sufoco, evitando apagões como o de 2001, outros acreditam que os benefícios trazidos por esse empreendimento será muito menor do que os impactos socioambientais de se embarreirar um dos maiores afluentes do rio Amazonas. Belo Monte é realmente necessária? Ou há alternativas sustentáveis, que causem menor impacto? Até mesmo o leilão que decidiu qual consórcio iria construir a hidrelétrica foi realizado depois de muita briga. Só na semana passada, o Tribunal Federal do Pará cassou a ...
A questão indígena: Caminhos e Desafios Data:   23 de abril a 29 de maio de 2010 Horário:   das 19h às 22h Carga Horária:  36 horas Preço: Não disponível Local:  Anfiteatro da Defensoria Pública da União Endereço:  Rua Fernando de Albuquerque, 155 Cidade:  São Paulo (capital) - SP Objetivo: O curso espera fornecer ferramentas que permitam a implementação da lei 11.435/2008, que tornou obrigatório o estudo dos povos indígenas no currículo oficial das escolas de ensino fundamental e médio das redes públicas e privadas, além de já levar ao aluno conhecimentos sobre as várias culturas indígenas para poder defender seus direitos. Público Alvo: Professores de ensino fundamental e médio, membros da Defensoria do Estado e da União, lideranças indígenas, estudantes etc. Programa: 23/04 (sexta-feira) – Abertura oficial Tema: Desafios da questão indígena na escola Palestrantes: Benedito Prezia e Edson Kaiapó 24/04 (sábado) Tema: Conhecendo as várias...

FUNAI reconhece existência de povos indígenas no Piauí e promete assistência às comunidades locais.

Resultado do recente reconhecimento por parte da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) da existência de povos indígenas no Estado do Piauí tal como os índios Itacoatiara, em Piripiri, os Codó Cabeludo na região de Pedro II e os Cariris em Queimada Nova , a Coordenação Regional da Funai de Fortaleza, na pessoa do seu presidente Márcio Augusto Freitas de Meira, determinou, através da Portaria nº 344 a devida prestação assistencial às comunidades indígenas do Piauí. Espera-se para o início do mês de maio a realização de reunião com representantes da Funai, Governo do Estado do Piauí, Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC) para discutir a criação de uma coordenação técnica local que possa dá a devida atenção a uma população antes subestimada. "Recebo com alegria o reconhecimento da FUNAI da necessidade de garantir assistência à população indígena piauiense, ainda mais estando a FUNDAC na realização da VIII Semana dos Povos Indígenas do Piauí, esta semana. Vejo isso como resultado posi...

MPF tem mais de 160 investigações sobre violações aos direitos dos índios em Rondônia

Órgão quer garantir aos índios direitos fundamentais, como saúde, educação, registro civil, preservação cultural, terras tradicionais, compensações ambientais, entre outros. Porto Velho (RO), 17.04.2010 – O Dia do Índio, lembrado na próxima segunda-feira, 19 de abril, motivou o Ministério Público Federal (MPF) em Rondônia a divulgar suas ações na defesa dos 54 povos que vivem no estado. O órgão relata que atualmente sua atuação nas questões indígenas resulta em mais 160 inquéritos civis públicos (investigações) que estão em andamento, além de ações civis públicas e recomendações expedidas a órgãos públicos para garantir direitos fundamentais, como saúde, educação, registro civil, preservação cultural, terras tradicionais, compensações ambientais, entre outros. Na área de educação, uma das conquistas recentes dos povos indígenas de todo o estado foi a elaboração conjunta de uma minuta do projeto de lei para criação da carreira pública de professor indígena. A minuta foi entregue em 1...

Editora resgata cultura indígena da Amazônia

Kurumĩ Guaré, no Coração da Amazônia é uma das obras lançadas pela Editora FTD com temas indígenas CAROLINE CANAZART contato@agenciaamzonia.com.br SÃO PAULO – Os povos indígenas nos remetem a origem de nossa cultura e sociedade, mas ao longo do tempo vimos esvaecer seus costumes e tradições, e hoje até mesmo seu povo luta para manter viva sua raiz nas novas gerações. No próximo dia 19 de abril é celebrado o Dia do Índio, e a Editora FTD apresenta em seu catálogo obras que apresentam a riqueza deste povo pelo olhar daqueles que viveram uma imersão, como o sertanista Orlando Villas Bôas e também de autores indígenas como Daniel Munduruku e Yaguarê Yamã. O livro Orlando Villas Bôas – História e causos é uma autobiografia póstuma do famoso indigenista falecido em 2002 aos 88 anos. Trata-se de uma obra de fôlego, na qual Orlando relembra sua trajetória, da infância em Botucatu (SP) à aposentadoria na capital paulista, passando pelo extraordinário mergulho no mundo dos índios brasileiros ...

Durante dez dias, Pará celebra índios como guardiões da floresta

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Da Redação Secretaria de Comunicação Reforçar a resistência e a identidade cultural indígena é o principal objetivo da IV Semana Estadual dos Povos Indígenas, a partir de 18 de abril "Nós Indígenas - Guardiões da Floresta" será o tema da IV Semana Estadual dos Povos Indígenas, de 18 a 28 de abril, cujo principal objetivo é afirmar a livre expressão dos povos indígenas como sujeitos da história e reforçar expressões culturais materiais e imateriais indígenas para fortalece-los. O evento será realizado em Belém e nas aldeias indígenas e seus respectivos municípios: aldeia Trocará do povo Assurini, em Tucuruí; aldeia Cateté do povo Xicrin, em Parauapebas; aldeia Mapuera dos Wai Wai, em Oriximiná; aldeia do povo Borari, em Alter- do-Chão, Santarém, São Félix do Xingu e Altamira. Os eixos que nortearão os debates são: meio ambiente, sustentabilidade e produtividade; educação, cultura e tecnologias; saúde, segurança alimentar e habitação; justiça, cidadania, direitos hum...

Jovens serão julgados amanhã por morte de índio em MS

RICARDO VALOTA - Agência Estado O julgamento dos três acusados de matar o cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, líder indígena reconhecido no Brasil e no exterior, está marcado para amanhã em São Paulo. O crime ocorreu em janeiro de 2003, no município de Juti (MS). Os réus são Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde. A acusação será auxiliada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e o júri acompanhado por organizações internacionais. O julgamento ocorre em São Paulo pelo fato de a Justiça Federal ter aceitado o argumento do Ministério Público Federal (MPF) de que um júri formado em Mato Grosso do Sul não teria a isenção necessária para julgar o crime. Na avaliação do antropólogo Rubem Thomaz, a realização do júri tem grande valor simbólico no enfrentamento da violência contra os indígenas de MS. Ele ressalta que a impunidade em crimes contra os índios é frequente e que muitos inquéritos não chegam sequer a apontar suspeitos. Simbolicamente é de muita r...

A luta por direitos do povo guarani em São Paulo

Na zona oeste da cidade, as aldeias Guarani, Tekoá Pyaú e Tekoá Ytú enfrentam problemas como a inserção de grandes projetos na região, carências no atendimento à saúde e educação Nhanderu (Deus) está triste. Ele quis deixar seu corpo e seu espírito aqui na terra. Mas os juruá (não-indígenas) não estão colaborando com sua obra e estão destruindo tudo. A terra vai ficando pobre, mal cuidada e vai se revoltando. Aí vemos coisas ruins acontecendo como terremotos, enchentes e deslizamentos. As palavras em tom de lamento, ditas por Alísio, liderança Guarani Mbyá, em São Paulo, refletem o sentimento das comunidades indígenas que vivem nas periferias da grande metrópole. A terra para os Guarani é fonte de vida e sobrevivência e, segundo o subsídio Semana dos Povos Indígenas - 2009, do Conselho Indigenista Missionário, (CIMI) "não é só a base do sustento, mas também o lugar onde jazem os ancestrais, onde se reproduzem a cultura, a identidade e a organização social". Na zona oeste de...

Daniel Munduruku no Lançamento do Movimento CYAN

Autor de livros como "Histórias de Índio' e "Coisas de Índio", Daniel Mundukuru acredita que o ser humano deve mudar a sua maneira de lidar com a água, estabelecendo uma relação de parentesco. Foi o que ele disse em sua palestra durante o lançamento do Movimento CYAN, em evento realizado na segunda-feira (22/03), Dia Mundial da Água, no Parque Ibirapuera. Formado em Filosofia e licenciado em História e Psicologia pela Universidade de São Paulo, Mundukuru destacou que os índios consideram como avôs os quatro elementos: água, terra, fogo e ar. O Movimento CYAN é uma iniciativa da Ambev em favor do uso racional da água. Postado no youtube por Canal AMBEV Brasil  

Entidades contrárias à construção da Hidrelétrica de Belo Monte levam discussão à ONU

Grupos denunciam supostas violações de direitos humanos causadas pela obra Cem entidades civis que representam 40 comunidades de 11 municípios do Pará apresentaram um documento de 20 páginas a sete relatores da Organização das Nações Unidas (ONU). Eles denunciam supostas violações de direitos humanos causadas pela possível construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingú. O leilão para a construção da hidrelétrica está previsto para o dia 20 de abril. A usina será a segunda maior do país e a terceira do mundo e terá capacidade instalada de geração de mais de 11 mil megawatts (MW). A hidrelétrica formará dois reservatórios de 516 quilômetros quadrados (km²). Segundo as entidades, os lagos da represa inundarão a área onde se localizam 30 terras indígenas legais e afetará um terço do município de Altamira (PA), onde vivem 20 mil pessoas. Para Andressa Caldas, diretora da organização não governamental Justiça Global, o licenciamento ambiental da hidrelétrica “sofreu pressão polít...