O ataque a vida e cultura dos povos indígenas

Para o povo Oro Wari, quando os trovões descem do céu, as crianças não podem sair para brincar. É preciso deixar o céu acalmar até que volte a folia

de Porto Velho (RO)

Para o povo Oro Wari, quando os trovões descem do céu, as crianças não podem sair para brincar. É preciso deixar o céu acalmar até que volte a folia. Os mais velhos contam que os trovões são a batucada de uma festa dos mortos regada a muita chicha (fermentado de milho) lá de baixo do rio Madeira.

Os Oro Wari estão preocupados com o que pode acontecer com a implantação das usinas hidroelétricas de Jirau e Santo Antônio. "Os nossos parentes mortos estão felizes lá de baixo do rio. A gente pensa: e com a construção das hidroelétricas a empresa vai fechar a água vai atrapalhar tudo e perturbar o que tiver lá em baixo. Sem contar as explosões", reclama Eleazer Oro Wari. da terra indígena de Laje.

Além da agressão cultural, o cacique de Eleazar, José Oro Wari ressalta outra grave preocupação dividida com outros 24 povos da bacia do rio Madeira: "A gente sabe que vai ser prejudicado, vai ficar difícil para nós, porque vai espantar a caça e a pesca […], a gente depende disso". Assim, como todos os outros povos da bacia do rio Madeira, os Oro Wari têm na pesca a sua principal alimentação.

Ao contrário do que estabelece a Constituição Federal e a declaração dos povos indígenas da ONU, as comunidades tradicionais não foram consultadas a respeito da obras que devem provocar profundos impactos em seus territórios e modo de vida.

"A gente não foi consultado. Se fizer uma barreira como a gente vai fazer sem peixe? E esse rio não é das empresas, ela não pode vir aqui e ganhar dinheiro. Há muitos anos que a gente está aqui, a gente precisa do peixe que vive nesse rio", argumenta o professor Eleazar. (CN)

Fonte: Brasil de Fato

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