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Mostrando postagens de 2016

ESCOLA SEM PARTIDO: UMA ILUSÃO

Por Daniel Munduruku Tenho lido bastante coisa sobre uma certa escola sem partido, proposta feita por um grupo de deseducadores nacionais. Fiquei pensando muito compenetradamente sobre o tema e achei por bem dar minha versão sobre o grupo que propõe tão descarado projeto. A escola sem partido já existiu no Brasil. Ela começou em 1964 quando por aqui foi engendrado um golpe militar. Nessa ocasião, os direitos dos cidadãos foram cassados pela ideia de que era preciso construir uma pátria voltada para os princípios da moral e do civismo. Todos os brasileiros deveriam aprender a honrar sua pátria e sua família. Professores não podiam falar de revoluções com o risco de serem considerados inimigos da verdade que nasce com os princípios morais. Todos deveriam pensar do mesmo jeito e ponto final. Eu, filho da floresta, fui vítima dessa ideologia que não se queria ideologia porque defendia uma pátria sem ideologia. Levado para a escola me impuseram uma língua única; o aprendizado d

Quer ganhar um kit de livros de autores indígenas? Promoção para seguidores do meu canal!

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Daniel Munduruku te explica como participar dessa promoção comemorativa dos seus 20 anos de literatura Daniel Munduruku no Facebook: www.facebook.com/instituto.uka

TAWÉ - NAÇÃO MUNDURUKU - UMA AVENTURA NA AMAZÔNIA

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TAWÉ - NAÇÃO MUNDURUKU - UMA AVENTURA NA AMAZÔNIA WALTER ANDRADE PARREIRA EDITORA DECÁLOGO (primeira edição publicada em 2006)   Prefaciei este livro há alguns anos atrás. Eu o fiz porque seu autor é uma pessoa maravilhosamente gentil, extremamente comprometida com a causa das populações indígenas e um educador de primeira linha (entenda-se educador em seu mais belo sentido). Fi-lo também porque a leitura me causou um sentimento muito profundo de saudade de casa. Walter conseguiu descrever com detalhes a sutileza invisível dos parentes Munduruku. Talvez - me arrisco dizer - tenha observado coisas que somente pessoas com o coração puro possa enxergar. Sem desejar ser um estudioso, sem desejar interferir ou julgar o que via, ele sentiu com o coração a punjância de uma cultura que sabe olhar para o mundo de forma holística, plural, dinâmica, atual e ancestral. Tudo isso ao mesmo tempo.  Penso que poucos estudiosos - antropólogos, etnólogos - ou religiosos - católicos e protestantes -,

Registro de atividades em Salvador 2016 - Abril Indígena

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QUAL GOLPE VOCÊ ESCOLHERIA?

Estamos numa época difícil. O tempo todo estão querendo que a gente escolha um lado para ficar, para defender ou para se posicionar. Parece uma guerra. Talvez seja uma guerra mesmo. Pois bem, para não dizer que não falei das flores, eis o meu. QUAL GOLPE VOCÊ ESCOLHERIA? (Daniel Munduruku) N ão falo em nome dos povos indígenas. Nunca falei. Algumas pessoas até me cobraram isso convidando-me para “representar” os indígenas em eventos, passeatas, cultos ecumênicos, jogos de futebol. Nunca aceitei. Não sou “o índio de plantão” para satisfazer curiosidades. Digo sempre – e repito aqui – que não tenho legitimidade para falar em nome de outrem. Aliás, como diriam pensadores mais célebres, não vejo dignidade em falar por quem quer que seja. Dito isso, gostaria de dizer que sou contra o golpe. Se depender de mim, não vai ter golpe. Digo essas palavras que saem da minha boca (ou da minha escrita). São minhas palavras e não representam outras tantas palavras oriundas d

13º CONCURSO FNLIJ CURUMIM - LEITURA DE OBRAS DE ESCRITORES INDÍGENAS

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13º CONCURSO FNLIJ CURUMIM - LEITURA DE OBRAS DE ESCRITORES INDÍGENAS: Se você desenvolveu, em sua escola, alguma atividade que abrange a leitura de obras de escritores indígenas esta é a oportunidade de tornar sua experiência conhecida por professores de todo Brasil.  - Poderão participar professores e educadores brasileiros residentes no Brasil; - O candidato inscrito deve informar a vinculação  a uma escola ou instituição; - O texto inscrito deve ser fruto de um trabalho de leitura dos livros de literatura para crianças e jovens de autoria de escritores indígenas; - O texto pode vir apresentado em forma de relato e deve mencionar a(s) obra(s) de autor(es) indígena(s) trabalhada(s), com a referência bibliográfica completa. O relato deve expressar o trabalho com a leitura dos livros de autores indígenas pelo professor junto às crianças e seus desdobramentos, tais como interpretações, textos, propostas; - A FNLIJ apresenta uma sugestão de obras de autores indígenas, feita em parcer

13º Concurso Tamoios de Textos de Escritores Indígenas - 2016

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Estão abertas as inscrições para o 13º Concurso Tamoios de Textos de Escritores Indígenas - 2016, promovido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ em parceria com o Instituto UKA - Casa dos Saberes Ancestrais.  A iniciativa, que este ano chega à décima terceira edição, é destinada à novos autores indígenas, ou que possuam filiação com alguma etnia. O concurso seleciona e premia textos literários inéditos.  A ação foi criada com a finalidade de fortalecer a nova década dos povos indígenas proclamada pela UNESCO. Os trabalhos devem ser enviados até o dia 31 de Março.  Mais informações e o edital no site  www.fnlij.org.br.

UM LIVRO PARA NÃO SE LER

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UM LIVRO  PARA NÃO SE LER (Daniel Munduruku) C ostumo ir às livrarias para verificar o que há de novo sobre a temática indígena, especialmente os livros que são escritos para crianças e jovens. É um hábito que tenho adotado, afinal eu preciso estar antenado sobre o que se escreve sobre nossos povos, mas principalmente sobre como se escreve e que como nossa gente é representada seja através dos textos, seja nas ilustrações. Bom, o fato é que um dia desses fui à Livraria da Vila para um lançamento. Enquanto aguardava minha amiga chegar, fui olhar as prateleiras atrás dos títulos lançados. Nessa livraria os livros são organizados de maneira muito especial e por isso se consegue identificar os livros logo na primeira passada de olhos. Próximo a uma prateleira aonde se concentra muitos dos títulos escritos por mim, tem os livros de outros autores indígenas e não-indígenas. É aí que me concentro. Vasculho com os olhos, coloco as mãos na massa e pacientemente vou garimpando cada livr

UM FURO NO FUTURO

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UM FURO NO FUTURO (Ao amigo Justino Sarmento Rezende) Tenho verdadeira fascinação com o tempo. Gosto de pensar nele, imaginá-lo, entendê-lo nas suas mais complexas variações. Às vezes me pego observando as pessoas apenas para vê-las “usando” seu tempo. Sento-me na praça de minha pequena cidade para olhar as crianças, os jovens, os velhos que jogam carta. Fico ali apreciando, ou melhor, exercitando minha imaginação tentando encontrar uma pequena centelha de explicação para compreender o tempo que passa naquele exato momento em que estou ali. Apenas o vento que bate nas árvores – quando bate – me dá a sensação de concretude. De resto, tudo é pura imaginação. É provável que alguém esteja se perguntando o motivo pelo qual faço o que faço. Não saberia respondê-lo de maneira objetiva. Acho que ninguém jamais irá sabê-lo. Particularmente aprendi a olhar o tempo como algo real apenas no exato momento em que estou escrevendo este texto. Sei também que esta minha ação é fruto de uma

Literatura x literatura indígena: consenso?

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Literatura x literatura indígena: consenso? A produção de literatura dos indígenas brasileiros POR DANIEL MUNDURUKU Tenho ouvido com toda atenção os puxões de orelhas levados de amigos escritores e de universidades questionando o fato de denominar literatura indígena aos escritos literários de autores nativos. Nossos interlocutores alegam que o que se escreve, sendo literatura, literatura é. Não precisaria, pois, colocar o qualificativo para indicar a origem de quem escreve. O texto literário falaria por si só. Há também a alegação de que isso cria certo segregacionismo reforçando a separação entre os membros de uma mesma sociedade, no caso, brasileira. Dizer que uma literatura é indígena ou negra; branca ou judia; oriental ou ocidental levaria as pessoas a criar uma reserva com relação à qualidade do que se produz. Seria algo como falar do “politicamente correto” criando preconceitos e reforçando estereótipos. http://mauricionegro.blogspot.com.br/ A finalidade des

3º Edição do Livro "O Banquete dos Deuses"

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Chegou a 3º Edição do Livro "O Banquete dos Deuses" de Daniel Munduruku, com Ilustrações de Mauricio Negro e Luciano Tasso. Mais um lançamento da Editora Global. Peça já o seu, enviamos para todo Brasil! Xipat Oboré (tudo de bom)! SINOPSE 'O banquete dos deuses' pretende oferecer contribuições culturais das sociedades indígenas, das suas formas de percepção dos ciclos vitais, entre outras  temáticas. Os pais podem ler este livro para e com os seus filhos, como uma forma de partilhar com eles a compreensão dos povos indígenas haurida da voz de um de seus representantes. Os professores, sobretudo do ensino fundamental, poderão encontrar material para o desenvolvimento de temas interdisciplinares como Ética e Pluralidade Cultural. título: O BANQUETE DOS DEUSES: CONVERSA SOBRE A ORIGEM E A CULTURA BRASILEIRA isbn: 9788526013971 idioma: Português encadernação: Brochura formato: 16 x 23 páginas: 104 ano de edição: 2009 ano copyright: 2006 edição: 3ª

LITERATURA INDÍGENA NA ESCOLA

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Envie-nos uma mensagem inbox ou através do email: ukacontato@gmail.com, ou ainda pelo telefone 12 3301-2190. E conheça as nossas p ropostas para você Gestores de Ensino e demais interessados em trabalhar a temática indígena através da literatura. Xipat Oboré (tudo de bom)!

KIT 20 Anos de "HISTÓRIAS DE ÍNDIO"

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2016 é o ano em que se comemora 20 anos de lançamento do primeiro livro do escritor Daniel Munduruku, e nós do Instituto UKA  trazemos uma oferta especial para você! Confira as seleções de títulos que pensamos com todo carinho para os nossos seguidores. Entre em contato conosco e solicite orçamento in box na nossa página do Facebook! Xipat Oboré (tudo de bom)!

VENDENDO “CHOPP”, ACUMULANDO SONHOS

[ Mais uma crônica da Série "Memórias a Granel"] Minha família era pobre, já disse. Meu pai trabalhava como carpinteiro em muitas obras para poder sustentar tantas bocas num lugar que não era nosso. Todos os irmãos antes de mim, com exceção de um, eram meninas. Nessa época, meninas não trabalhavam. Meu irmão mais velho e eu tínhamos que ajudar em casa com o que fosse possível. Meu pai era um profissional bastante requisitado, mas não tão valorizado financeiramente. Muitas vezes teve que viajar para lugares mais distante de nossa cidade para poder ganhar um pouco mais de dinheiro para nos sustentar. Suas longas ausências de casa deixava minha mãe solitária e com muito mais trabalho a realizar. Minhas irmãs, eram quatro, ajudavam no que podiam, sobretudo no trabalho caseiro como cuidar da casa, cuidar dos irmãos mais novos, lavar roupa, etc. E ainda tinham que ir para a escola, coisa que meus pais prezavam muito. Mamãe teve que “se virar nos trinta”, como se diz. Trabalh