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Mostrando postagens de 2020

2021 – Uma ficção

  Estamos vivendo os últimos dias de 2020, ano que já disseram perdido, já disseram inútil, já disseram que vai tarde. Não creio tenha sido nada disso porque ele nos fez pensar e repensar nossa presença neste cenário chamado planeta terra. Fez até alguém criar um futuro fictício denominado novo normal como se dissesse que tudo vai continuar do mesmo jeito no tempo que virá. O futuro imediato se chama 2021. Ele está se aproximando com uma velocidade assustadora para nos dizer que nada vai ser normal. Em se tratando de Brasil já não está normal há alguns anos. Nem precisamos de epidemia para provarmos da anormalidade que se abateu sobre nós. Ela só veio para nos igualar em termos de humanidade frágil. De resto, tudo ficará mais difícil, menos empregos, menos educação, menos governo, menos arte, menos cultura. Será um ano menos, infelizmente. No entanto, nada disso pode nos desanimar. Somos brasileiros e não desistimos nunca. Não é assim que se costuma dizer? Só que nós desistimos d

2021: Um ano fictício

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Neste vídeo, da série Questão de Opinião, faço uma crônica sobre o final do ano de 2020 e reflito sobre o que vem pela frente. Deixe seu comentário.  

Conheça o curso de Letras do Instituto Singularidades - Diferença entre ...

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Em time que está ganhando não se mexe?

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Repugnante!!

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PARA ALÉM DA PANDEMIA

Tenho sido abordado várias vezes sobre o que penso sobre a pandemia e como ela impacta na vida dos povos indígenas. Nunca tenho resposta pronta para isso ou para qualquer coisa que seja. Gosto de praticar o livre pensar. É isso que farei agora. Já faz algum tempo que há “ profecias ” que nos são lembradas. Quer dizer, são antigas falas de sábios indígenas que foram repetidas muitas vezes e chegaram até nós com essa descrição de serem leituras do futuro. Quando falamos em profecias normalmente estamos pensando que alguém do passado previu algo para o futuro. Quase nunca passa pela cabeça das pessoas que “prever” o futuro é a coisa mais simples do mundo: o “futuro” se escreve no presente. Trata-se puramente de observação da natureza. Lembro que quando aconteceu o inacreditável tsunami em 2004, as populações originárias das ilhas afetadas não sofreram quaisquer danos. Por quê? A natureza os avisou com antecedência. Foi apresentando sinais visíveis de que um acontecimento natural iri

Uma crônica política

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A Arte do Silêncio

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Reflexões sobre o Bem Viver

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A PALAVRA DO GRANDE CHEFE - Daniel Munduruku #AbrilIndigenaLit #13# | Al...

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Tempos de Historias - Antologia de Contos Indígenas de Ensinamento

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Mensagem de Páscoa

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O dia em que uma aranha me incentivou a ler

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MANIFESTO

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Tendo nascido em uma sociedade onde as pessoas são educadas para sentirem-se parte do todo; Onde o tempo não é linear impedindo que as pessoas desperdicem suas vidas correndo atrás de riqueza e poder; Onde cada fase de vida é tratada como um processo que nunca mais se repetirá e por isso deve ser vivida em sua plenitude; Onde a relação com a natureza não é de domínio, mas de convivência; Onde as pessoas se sentem solidárias umas às outras e capazes de partilhar seu pão e sua poesia; Onde o passado é visto e respeitado como memória e o presente como uma dádiva que precisa ser usufruída e agradecida em todo momento; Onde as crianças tudo podem porque são educadas pelos velhos, que tudo sabem; Onde os saberes são partilhados pelas histórias contadas nas noites sem lua para nos lembrarem que somos partes do mundo e não seus donos; Onde, enfim, somos desde que nascemos e nascemos para sermos inteiros, completos, não no futuro distante, mas no agora, no presente, hoje..

DEIXANDO QUE O OUTRO SEJA - Educação como prática de Liberdade

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Educar é um ato heroico em qualquer cultura. Talvez seja pelo fato de que educar exija que a pessoa saia um pouco de si e vá ao encontro do outro; um outro desconhecido; um outro anônimo; um outro que me questiona; um outro que me confronta com meus próprios fantasmas, meus próprios medos, minha própria insegurança. Talvez seja pelo fato que educar exija sacrifício, exija renúncia de si, exija abandono, exija fé, exija um salto no escuro. Talvez por isso seja algo para poucos. Seja para pessoas que acreditam nas outras pessoas. Seja para pessoas que não se acomodaram diante da mesmice que a sociedade pede todos os dias. Talvez por isso seja mais fácil encontrar professores que educadores: Professores são donos do conhecimento. Educadores são mediadores. Professores são profissionais do ensino. Educadores fazem do ensino um estímulo para seu crescimento pessoal. Professores usam a palavra como instrumento. Educadores usam o silêncio. Professores bat

Quem tem medo do bobo mau?

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QUEM TEM MEDO DO  B OBO MAU? Daniel Munduruku   Estamos todos indignados com a fala do presidente a respeito dos povos indígenas. Sei que deveria estar também e estou. Estou sem estar, na verdade. Primeiro porque nunca imaginei nada diferente saído da boca de alguém com este histórico de vida. Segundo, porque não se pode esperar que nasçam pérolas de latrinas mentais. Terceiro, porque a formação que ele tem é tão pobre que ele só sabe repetir impropérios, embora ele não saiba o que isso signifique. Seria como imaginar que ele pudesse nomear alguém para a área da cultura que não odiasse a cultura. Ou para a pasta do meio ambiente um ser que não fosse tão mesquinho, ignóbil e sem noção como o seu atual titular. O que se pode esperar de alguém que indica para o ministério da educação um quase analfabeto? O infeliz, como se pode notar, nunca cresceu de fato. Ele é de uma geração que aprendeu preconceitos e estereótipos e não consegue se livrar deles porque  isso exigiria que se

Eu proponho

Eis aqui uma verdadeira proposta de governo para as próximas eleições municipais. EU PROPONHO Que o ministro das relações exteriores, ao invés de produto interno bruto, trate bem das questões interiores, essas tantas isentas de tributo Que se ocupe, o distinto Ministério, em criar fundamentos exitosos Sentimentos comuns aos hemisférios com base em tratados amistosos Eu proponho: estabeleça-se a lei fundamental sob os pressupostos da poesia Que haja em toda casa uma recital inda pela manhã e ao fim do dia E que toda criança em formação conheça, com prazer, um instrumento e aprenda a tocar, com emoção, os acordes do santíssimo invento O presente decreto, faça-se cumprir em todos os povos sob as penas da lei já em vigor, pra que, em breve, se tenham humanos novos a cuidar desse mundo com amor.   Socorro Lira  Aquarelar, 2007. Edição da autora

PARA ALÉM DOS MUSEUS, A MEMÓRIA

Recentemente foi noticiado o fato de que lideranças do povo Munduruku estiveram em um Museu de História Natural de Alta Floresta/MT de onde retiraram as “urnas funerárias” da instituição. As tais urnas haviam sido surrupiadas do território dessa gente quando da construção das Usinas Hidrelétricas Teles Pires e São Manoel. Segundo consta, para a construção da referida barragem foram necessárias a destruição de lugares considerados sagrados pela gente Munduruku, apesar dos protestos e das negociações em curso para que tal ação não ocorresse, pois incidiria sobre a sua crença ancestral. Conversa vai, promessa vem o consórcio vencedor do certame garantira que nada iria ocorrer sem a devida autorização dos indígenas Munduruku. Isso, claro, não foi cumprido. Aliás, não faz parte manter palavra para quem só pensa em dinheiro. O ato se consumou e as urnas foram retiradas e levadas para o museu acima citado. Acontece que com as “ formigas guerreiras ” não se brinca e nem se faz

O QUE ACONTECE À TERRA ACONTECE AOS FILHOS DA TERRA

O QUE ACONTECE À TERRA ACONTECE AOS FILHOS DA TERRA (Daniel Munduruku) Os sábios dos povos ancestrais costumam nos ensinar que todas as coisas estão ligadas entre si e que tudo “o que acontece à Terra acontece também aos Filhos da Terra”. Eles costumam lembrar que tudo está ligado como numa grande teia. Se algo acontece a um único fio, a teia inteira fica abalada. Sei que a maioria das pessoas não conseguem compreender essa explicação por estar muito acostumada com a leitura da realidade a partir de seu próprio eu. Por conta disso não consegue admitir que a queimada da Amazônia ou da Austrália; a perseguição às lideranças populares ou às comunidades indígenas; o excesso de poluentes jogadas na atmosfera e o lixo plástico atirado nos oceanos; o assassinato promovido pelo presidente americano e o descaso com os direitos humanos do presidente brasileiro fazem parte de um mesmo movimento de destruição da vida, como a conhecemos. A maioria não consegue perceber que o neoliberalism