Pular para o conteúdo principal

Feira oportuniza a interação do público com escritores

Cuiabá / Várzea Grande, 07/10/2009 - 18:35.

Da Redação

Uma aula de simpatia e erudição, foi o que as escritoras Heloisa Prieto e Ana Claudia Ramos apresentaram num bate papo aberto ao público, na Feira do Livro Indígena(Flimt) que acontece na Praça da Republica na capital cuiabana.

Durante a conversa as escritoras puderam mostrar suas opiniões e sugestões relacionadas ao meio editorial brasileiro. Para a escritora Ramos, o marketing ainda é restrito para alguns autores da literatura nacional. “Nós autores ainda temos pouco espaço nas livrarias, quando conseguimos algum apoio, nossos livros ficam escondidos atrás da literatura estrangeira ”.

Para Pietro, escritora com mais de 40 obras no mercado nacional, o Brasil não é um país de analfabetos, é um país de leitura anarquista.Onde temos um livro oficial ou politicamente correto, e o livro não oficial, aquele que se escreve com afinco e dedicação.

Ana Claudia Ramos, aproveitou a ocasião para falar de seu novo livro, “A historia de Clarice”um livro que de acordo com ela relembra sua infância, em seus livros prediletos de quando menina, que entre eles as influencias mais fortes são de “Bolsa Amarela”, “O soldadinho de chumbo” e “A vendedora de fósforo”. Clássicos infantis que tem como pano de fundo a morte e a perda. Temas que Ana considera que deve ser levado as crianças com naturalidade, e que os adultos erroneamente acreditam ser tabu.

“A historia de Clarice” conta a historia de uma menina, que fica órfã e após um episódio traumático se cala , acaba por ir morar com uma tia com quem tinha pouco contato e a partir deste novo relacionamento recheado de literatura, ela redescobre o afeto, “A esta menina emprestei minha paixão e o encantamento por essas historias”, revela Ana.

Heloisa que também lança um livro resume sua obra como um texto autobiográfico. “Eu tiro muito da minha vida quando eu escrevo algo, eu escrevo em protesto contra a morte. Eu criei um universo que resgata pra mim algo que eu perdi com tanta dor”, diz

Seu livro “Terra” é uma homenagem ao seu tio que morreu na Amazônia após largar tudo para viver na floresta. Entre as novidades, a negociação com Warner dos direitos do livro, ”As melhores coisas do mundo” que em breve será transformado em filme.

Para encerrar a conversa Ana Pietro resume literatura como parte essencial da vida do ser humano. “Os livros marcam momentos da minha vida, e eu acho que vou me tornando uma pessoa melhor a partir do meu contato com eles.” Finaliza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...