FANTASMAS
Daniel Munduruku
144 páginas | R$59,90
Ed. Record | Grupo Editorial Record
A pedido de seu advogado de defesa, um indígena aprisionado conta suas memórias. É
assim que conhecemos o episódio traumático em que homens brancos, denominados
por ele como “fantasmas”, dizimaram seu povo. Movido pela dor, confessa seu crime:
o assassinato dos responsáveis pelo fim do seu povo. No entanto, sem provas de seu
testemunho, cabe ao advogado Salomão, um homem negro, lutar por sua liberdade –
e assim nasce uma amizade inesperada, movida por uma busca comum: não calar o
passado.
Mais do que uma história de vingança, Fantasmas compartilha uma visão de mundo
comunitária e conectada com a natureza. Distante das noções capitalistas de sucesso,
poder e solidão, o indígena fala sobre seu passado, afetos, tragédias e sua misteriosa
ligação com a morte dos dezoito homens que assassinaram os seus. A partir das
profundas conversas com seu advogado, surgem os argumentos de defesa do caso e
também uma bela amizade. Marcado pela ancestralidade e pela forte relação com o
espiritual, o livro abre os olhos do leitor para uma realidade muito brasileira e pouco
conhecida.
O romance de Munduruku conta a história de um massacre indígena e o movimento,
por vezes violento, de vingança, do ponto de vista dos indígenas. Na trama, é a aliança
entre minorias que conta a história, fazendo deste livro uma espécie de ponto de
virada no nosso modo de ver a literatura. É a construção de uma nova lei, de uma nova
justiça, e, quando a verdade finalmente vem à tona, o destino desses personagens
marcantes é conduzido a um final que transcende o que pode ser explicado.
"Se é só isso? Sua pergunta parece estranha, mas eu entendo. O doutor deve imaginar
que a vida precisa ser mais complexa, né? É que o senhor usa como modelo a vida que
os fantasmas construíram para eles. Vocês não olham a natureza com os mesmos
olhos que nós. Vocês aprenderam a ser donos dela. Quando a gente é dono de alguma
coisa dá a impressão que tudo foi criado para servir a gente."
“Ao longo de mais de sessenta obras, Daniel Munduruku escreve para produzir
manifestos, pensando no futuro sem se esquecer daquilo que permanece desde seus
ancestrais, apesar do colonialismo que subsiste como força de destruição e
apagamento.” — Maria da Conceição de Almeida para a orelha de Fantasmas.
“Este romance toca em muitos pontos sensíveis e profundos. É muito interessante
acompanhar as reflexões de um jovem negro advogado e de um jovem indígena
aprisionado não só em uma cela, mas também nas memórias do massacre de seu
povo.” — Maria Luiza Jorge para a quarta capa de Fantasmas.
_SOBRE O AUTOR___
Daniel Munduruku nasceu em Belém do Pará, em 1964. É graduado em Filosofia,
História e Psicologia pela Universidade Salesiana de Lorena, doutor em Educação pela
USP e pós-doutor em Linguística na UFSCar. Desde que iniciou sua carreira como
escritor, em 1996, publicou mais de sessenta livros – para crianças, jovens e
professores –, muitos deles com prêmios no Brasil e no exterior, como Jabuti,
Academia Brasileira de Letras e Erico Vanucci Mendes. Suas obras já receberam
também várias indicações da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e
foram traduzidas no Canadá, Estados Unidos, Áustria, México e Coreia do Sul.
Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República, na categoria
Grã-Cruz, e membro fundador da Academia de Letras de Lorena, cidade onde reside
desde 1987, é casado com Tania Mara, com quem tem três filhos: Gabriela, Lucas e
Beatriz.

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