Pular para o conteúdo principal

Escritores e Artistas Indígenas fundam a DIROÁ - AssEArIn


Eu e Edson Kayapó fomos convidados pelo Diretor do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual – INBRAPI, Daniel Munduruku, e pelo Coordenador do  Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas - NEArIn, Cristino Wapichana, para coordenarmos os trabalhos de concepção, constituição, fundação, eleição e posse de uma Associação que congregasse os escritores e artistas indígenas dos mais diversos povos indígenas no Brasil, inicialmente, os oriundos do NEArIn, que vêm se reunindo ao longo de 10º através do Encontro de Escritores e Artistas – EEAI, em eventos compartilhados com o Salão do Livro para Crianças e Jovens da (FNLIJ) - Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil evento, na cidade do Rio de Janeiro.

Após as três assembleias nos dias 10, 11  e 13 de junho, com esta finalidade, foi fundada para a representatividade legal dos escritores e artistas indígenas a bem da literatura indígena e das comunidades dos povos indígenas e do povo Brasileiro a DIROÁ – Associação de Escritores e Artistas Indígenas – AssEArIn.

Seu nome de significado indígena - Uma tentativa de socializar sobre a nominação DIROÁ, a qual foi uassim escolhida em seguidas rodas de conversas, e decidida na tarde do dia 13 de junho de 2013.

DIROÁ. Na tradição dos povos do Rio Negro, enfaticamente, entre os Tariano e Desana -, os Diroá são seres fantásticos, encantados, místicos, grandes pensadores que têm a dimensão dual do ser humano, portanto, podem fazer o Bem e o Mal, e, ao controlar entes e situações, podem transformar atitudes negativas em positivas. Na  língua Xavante tem o sentido de Grupo de Formação (inicial) para diversos fins de suas vidas e seu cotidiano.

Os escritores e artistas indígenas são criadores que têm como princípio a dimensão humana de produzir nas artes a filosofia e estética  do belo em sintonia cosmológica de sua ancestralidade e sua contemporaneidade, dentro e fora de suas comunidades.

Enfim, no dia de junho de 2013, às 15h00, fundamos, elegemos e demos posse a Diretoria da DIROÁ – AssEArIn, cujo, primeiro mandato ficou assim constituído:

Primeiro Presidente: Cristino Pereira dos Santos; Segundo Presidente: Edson Machado de Brito; Primeiro Secretário: Rosilene Fonseca Pereira; Segundo Secretário: Maria das Graças Ferreira; Primeiro Tesoureiro: Manoel Fernandes Moura; Segundo Tesoureiro: Carlos Tiago dos Santos; Coordenadores Regionais do Norte: Jaime Moura Fernandes e Elias Seixas Reis; do Nordeste: Ademario Souza Ribeiro; do Centro-oeste: José Márcio Xavier de Queiroz, Marcelo Manhuari Munduruku e Caimi Waiassé Xavante; do Sul e Sudeste: Olívio Zeferino da Silva.

De acordo com o Estatuto em seu Art. 15º Associados fundadores da DIROÁ - AssEArIn são aqueles que participaram de sua criação, assinaram o livro de presença e se comprometeram com as suas finalidades e os indicados pelos assembleianos, como Fundadores Beneméritos, em ordem alfabética: Ailton Krenak, Álvaro Tukano, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara, Elizabeth D'angelo Serra, Graça Graúna e Raoni Menkture.
Fotos diversos do processo:








Celebrando nossos ancestrais e na contemporaneidade ampliando as fronteiras e parcerias para que a Literatura e Saberes indígenas sejam conhecidas e valorizadas em meio a esse mega caldeirão da diversidade étnico e cultural do Brasil.

Até breve!

Ademario Ribeiro
Sertanejo das Terras dos Payayá, filho de Amélia Souza Ribeiro e de Alberto Severiano Ribeiro (in memoriam)... Escritor (poeta e teatrólogo), diretor teatral, educador ambiental, pesquisador dos povos indígenas e pedagogo. Membro, conselheiro e fundador de diversos coletivos entre estes: ONG ARUANÃ, Associação Muzanzu do Quilombo Pitanga de Palmares, entre outras organizações. Tem publicações diversas em jornais e sites.


Matéria original: http://ademarioar.blogspot.com.br/2013/06/escritores-e-artistas-indigenas-fundam.htmli
Reprodução somente mediante comunicação prévia e citação da fonte. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...