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Curtas sobre os povos indígenas

Índios pedem autonomia e fim da tutela da União
Depois de quatro dias reunidos no 6º Acampamento Terra Livre, montado no gramado da Esplanada dos Ministérios, cerca de 1,2 mil lideranças indígenas de todas as regiões e etnias divulgaram quinta-feira o documento final do encontro, reivindicando a revogação de, pelo menos, cinco artigos do Estatuto do Índio para extinguir a figura jurídica que considera os indígenas cidadãos sujeitos à tutela da União. O estatuto restringe os direitos civis de quem vive nas aldeias e seus descendentes. A mudança no estatuto é apoiada pela Funai. A alteração do Estatuto do Índio implicará, necessariamente, em destinar aos mais de 200 povos espalhados pelo país o poder de opinar sobre decisões dos governos como, por exemplo, a mineração ou a construção de grandes hidrelétricas nas terras indígenas - CB, 8/5, Brasil, p.12.

Funai será cobrada sobre terras indígenas
O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul deve encaminhar nesta semana um ofício cobrando da Funai o andamento da demarcação de mais terras indígenas para os Guarani Kaiowá, que se concentram no chamado cone sul do Estado. A área abrange cerca de 26 municípios, próxima ao Paraguai. O povo tem o maior índice de violência de todo o País, com 42 assassinatos entre índios no ano passado. Em 12 de novembro de 2009, o presidente da Funai, Márcio Meira, assinou termo em que se comprometeu a efetuar os procedimentos para a demarcação. A delimitação das terras e a extensão das áreas dependem de estudos antropológicos da Funai - OESP, 11/5, Nacional, p.A8.

Tenda dos milagres
A ONG Expedicionários da Saúde, de médicos paulistas, monta centro cirúrgico na comunidade de Novo Paraíso, no rio Solimões, a duas horas de lancha de Tabatinga (AM), para livrar índios de doenças simples, mas incapacitantes, como catarata e hérnia. São 32 voluntários nesta campanha cirúrgica (a 13ª da ONG desde 2004). A barraca gigante do centro cirúrgico, duas outras para operações menores e dois consultórios em tabiques de folha de palmeira ficam abrigados sob o telheiro construído pelos Ticuna em novembro, na primeira expedição cirúrgica da ONG ao local. Ao final de oito dias, os Expedicionários contam 299 cirurgias realizadas. O esforço quixotesco da ONG -mais de 1.800 cirurgias em cinco anos- é levar aos indígenas da Amazônia um tratamento de saúde de primeira - FSP, 10/5, Mais!, p.8 e 9.

Aculturados, índios Ticuna têm língua complexa
O Distrito Sanitário especial Indígena (Dsei) do Alto Solimões abarca 32 mil índios espalhados por 181 aldeias em sete municípios. Há um agente de saúde indígena em cada comunidade e 11 polos-base dotados de médico, enfermeira, dentista e farmácia. A mortalidade infantil em 2008 ficou na casa dos 35,7 por mil (a média nacional está em 23,3). No ano passado registraram-se 16 suicídios. A etnia predominante é Ticuna, povo indígena mais numeroso da Amazônia brasileira, com 35 mil pessoas. O contato com brancos data do século 17, quando jesuítas espanhóis criaram várias missões ao longo do Solimões. Hoje os Ticuna estão aculturados. Mantiveram, porém, a língua complexa e única. A Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngues cuida da alfabetização em ticuna e português. Em Novo Paraíso as crianças só falam ticuna - FSP, 10/5, Mais!, p.9.

Índios contra a Funasa
"Certamente não se pode aprovar o método escolhido pelo grupo representante das 37 tribos indígenas espalhadas pelo Estado de São Paulo, para apresentar suas reivindicações - a invasão, na terça-feira, da sede da coordenadoria regional da Funasa. Ao ocupar e paralisar o funcionamento de uma entidade pública, usando funcionários como reféns, os índios de São Paulo seguiram o mau exemplo dos movimentos ditos sociais. Embora escolhessem o método errado de reivindicar, tudo indica que os pleitos dos indígenas são justos. A queixa dos índios paulistas coincide com as denúncias que têm surgido contra a Funasa. O protesto dos índios paulistas teve o mérito de fazer vir à tona aberrações político-administrativas mais amplas envolvendo a autarquia que cuida de fundamentais setores da saúde pública no País", editorial - OESP, 9/5, Notas e Informações, p.A3.

Índios
"Nunca me esqueço de uma visita feita a uma aldeia indígena em Parelheiros (SP). A falta de condições sanitárias e o abandono em que estavam eram a completa negação da assistência humanitária que o governo diz dar aos índios. Não concordo com a opinião do senhor Aníbal Fillip (Painel do Leitor, 7/5). Antes de se manifestarem daquela maneira, no prédio da Funasa, eles devem ter recorrido às leis, sem terem sido ouvidos, pois aqui, no Brasil, é preciso sair na TV para que os responsáveis cumpram com suas obrigações", carta de Maria Dilma Watanabe - FSP, 9/5, Painel do Leitor, p.A3.

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