[OLHA O QUE EU LI!!]
Vou começar a publicar aqui neste espaço as leituras que estou fazendo e as quais desejo partilhar com meus amigos. Minha intenção é apresentar os textos de maneira bem simples. Espero que gostem ou quem sabe podem ser leituras que ajudem a inspirar a todos/as a compartilharem também suas próprias leituras sejam elas literárias ou não.
A SUAVIDADE DO VENTO
HISTÓRIAS DE FADAS
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DE ONDE VÊM AS HISTÓRIAS
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SOBRE A ESCRITA
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O texto integral do pai do existencialismo traz cinco contos que apresentam a veia literária que sempre o caracterizou. São textos densos, plenos de significações e reflexões que nos permitem pensar sobre o nosso estar no mundo com todas as contradições que isso implica para a existência humana. São contos cujos personagens centrais vivem seus dilemas pessoais a partir dos paradoxos existenciais que estão sempre a nos colocar em conflitos com o drama de viver.
No começo fiquei um pouco ressabiado em ler Sartre embora o tenha conhecido na época da faculdade de filosofia. Li algumas de suas obras filosóficas que sempre me deixaram angustiado justamente por conta de suas imbricações com a vida real. Nunca havia lido sua obra literária a qual fui apresentado agora através desta publicação de bolso. Confesso que gostei do que li. Há muito o que se refletir porque não traz o complexo pensamento filosófico sartriano, mas mostra como a literatura pode nos oferecer algumas possibilidades de leituras do mundo em que nos movemos. Não vou enganar: não é uma leitura fácil e será bom que o leitor já possua alguma iniciação no pensamento desse grande filósofo do século XX. Isso ajudará, mas para quem está acostumado à leitura literária não fará muita diferença.
Avaliação: Muito bom!
Daniel Munduruku
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A SUAVIDADE DO VENTO
CRISTOVÃO
TEZZA
EDITORA
RECORD/2015
(A
primeira edição foi publicada em 1991)
Quando Cristovão Tezza lançou seu
aclamado “Filho Eterno”, ganhador de
todos os prêmios literários possíveis na ocasião, fiquei tentado a ler. Digo
que fiquei tentado porque não sou muito fã de ler os livros que fazem sucesso
demais. Eu sempre os acho mediáticos e deixo sempre “a roda rodar” antes de me
atirar nas leituras que todo mundo está fazendo. Não sei se é por inveja literária
ou por despeito por não ser um escritor para o público adulto. Deve ser as duas
coisas. Além do mais nunca tinha ouvido falar de Tezza, embora tenha descoberto
posteriormente que ele já era um escritor de renome e um professor dedicado em
seu Estado natal, o Paraná.
Quero confessar, porém, que nunca li “O filho eterno”. Ensaie algumas vezes, mas havia um bloqueio que me
impedia de começar a leitura. Deixei de mão. Não me obriguei a ler a famosa
obra. É um direito do leitor não ler. Eu não li.
Tempos depois me deparei com o próprio Tezza. Ambos
participávamos do Festival da Mantiqueira, um lindo evento organizado pelo
Governo do Estado de São Paulo, na bucólica São Francisco Xavier, um lugarejo incrustado na serra da Mantiqueira. Entre piadas contadas à espera de um
demorado almoço que não chegava nunca, pude conhecê-lo. Para minha surpresa ele
disse que conhecia meu trabalho, claro, através de seus filhos que liam meus
livros na escola. Isso foi o começo de um bate papo que ainda hoje continua a
acontecer em outros encontros.
O fato é que a partir desse encontro quis também eu conhecer
a obra do autor que conhecia a minha. Achei que devia isso a ele. Queria
poder conversar sobre seu trabalho no próximo encontro. Porém, confesso, não
foi “O filho eterno” que me fez
gostar de seu trabalho. Não foi também seu livro mais recente “O professor”, que tive oportunidade de
ler entre minhas viagens aéreas, que mais me agradou.
Embora não tenha lido toda sua grandiosa produção, devo
confessar que o livro mais legal que eu li de Cristovão Tezza, foi “A
suavidade do vento”. Por que? Não saberia respondê-lo com objetividade,
mas creio que foi a eloquência errante de seu personagem principal, também um
professor, que se sente aprisionado e prisioneiro da própria existência. Um
verdadeiro dom Quixote que briga com seus moinhos de vento, fantasmas de vida e
de morte que instigam e angustiam o leitor. O que pensar de uma existência
medíocre que divide-se com outras existências medíocres remoendo lembranças,
memórias afetivas, mentiras verdadeiras e verdades mentirosas numa profusão de
sentimentos?
Isso para mim é o que a leitura dessa obra provocou. Sei que
é isso que a literatura tende a provocar. Direi: a boa literatura. Essa é das
boas. Vai por mim.
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HISTÓRIAS DE FADAS
(Texto
Integral)
Oscar Wilde
Editora:
Saraivadebolso/Nova Fronteira/2015
Para quem gosta de
contar ou ouvir histórias o livro de Oscar Wilde é um prato cheio, como se diz.
É muito gostoso de ler porque envolve o leitor na rede da linguagem e o conduz
aos tempos em que elas, as histórias, ocorrem.
Ao ler este livro
fiquei pensando no tempo em que meus filhos eram pequenos e me pediam,
insistentemente, para eu contar histórias para eles. As vezes eu havia acabado
de chegar de uma viagem e queria namorar, mas até que meu papel de contador de
histórias não tivesse sido cumprido, nada de me liberar. Muitas vezes tive que
contar e recontar histórias. Algumas inventava na hora e depois as esquecia até
por conta do cansaço que sentia. O bom é que meus filhos não esqueciam e no dia
seguinte eu pedia para que eles me contassem. Quase sempre eu é que dormia.
Lembrei disso
porque na apresentação do livro de Wilde é dito que ele escreveu essas
histórias para seus filhos. Fiquei imaginando a cena: o famoso escritor que
chega em casa, cansado após um dia de trabalho – e em um tempo em que havia
maior escassez de energia elétrica e nenhum computador – sentava-se na poltrona
com um livro na mão e lia histórias para as crianças. Tempos depois não conseguia
mais ler as mesmas histórias e então teve que inventar outras para poder
satisfazer os pequenos. No final, apesar do cansaço do dia, o herói sentia-se
satisfeito por ter conseguido dar prazer aos seus pequenos ouvintes.
É por isso que
imagino que este livro pode ser um grande aliado para os pais. As histórias são
de puro êxtase narrativo: envolve, cria cenários, mostram personagens que se
modificam ao longo da história e, mais importante, não trazem nenhuma lição de
moral deixando para os ouvintes o papel de alimentar seu espírito com suas
próprias conclusões. Acho que isso é de suma importância para educar as
crianças, pois não são os adultos que devem impor a moral, mas devem oferecer
os instrumentais para que a criança/ouvinte possa perceber os caminhos a
seguir. Contar história é um ato de confiança na capacidade de avaliar. É isso.
É assim que os mitos indígenas ensinam, foi assim que eu aprendi. Por isso
gostei desse livro. Eu o recomendo.
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QUER OUVIR UMA HISTÓRIA?
Sobre as histórias que a Literatura e o Cinema contam
Heloisa Prieto
Editora:
Bamboo Editorial/2014
Reli
este livro há alguns dias atrás. Digo que reli por esta é uma versão revista e
ampliada de uma primeira edição que saiu no inicio do século XXI e que fez um
estrondoso sucesso. A voz de Heloisa Prieto ecoa de maneira ímpar nesta obra,
agora relançada pela Bamboo Editorial. Quis reler porque Stephen King me animou
(ler postagem anterior) a buscar uma voz brasileira que conhece, como poucas
pessoas, a linguagem da escrita literária. Em se tratando desta autora, o livro
nos apresenta algo ainda mais completo e complexo porque abriga uma possível
leitura dessa mesma linguagem literária que o cinema busca traduzir para a
telona.
Este é um livro de
muitas vozes. Heloísa as reúne para nos contar o que está por trás das
diferentes linguagens literárias desde as histórias encantadas de Sherazade
passando pelos clássicos de aventuras, até os mitos dos diferentes povos, a
autora nos conclama a perceber que estamos cercados por grandes histórias que
ainda precisam ser contadas e estas mesmas histórias estão se oferecendo para
cada um de nós cabendo-nos a tarefa de encontrar uma linguagem pessoal que nos
permita narrar a nossa imaginação.
Além da instigação
individual, o livro propõe uma série de sugestões para que os professores
incentivem o gosto pela leitura literária em seus alunos. Este livro é um
recurso maravilhoso para quem deseja se apossar da arte de contar...e
ouvir...uma linda história.
Devo dizer meu
deslumbramento pessoal por Heloísa a quem conheço há mais de vinte anos. Sempre
fui um grande admirador de sua capacidade de comunicar, criar, contar e
escrever. Foi ela quem me deu as primeiras e importantes dicas no começo de
minha incursão pelo mundo da literatura. Seus livros são maravilhosos,
inspirados e inspiradores, como ela mesma o é. Essa é minha dica. Podem
acreditar.
DE ONDE VÊM AS HISTÓRIAS
Maria
José Silveira
Editora: Bamboo Editorial/2015
Eis
um outro livro que me chamou bastante atenção nos últimos dias. É mais um
daqueles que você começa a ler e não para mais porque consegue atrair do começo
até o fim. É um livro de leitura fácil, mas muito instrutivo para os que, como
eu, labutam para encontrar a linguagem perfeita para seus escritos.
Maria
José Silveira é uma escritora bastante conhecida do público em geral por já ter
“passeado” pela literatura em seus trabalhos de ficção há vários anos. E é
justamente porque escreve ficção que acumulou a experiência que agora divide
com seus leitores, famintos que somos em descobrir de onde vêm as histórias.
Você sabe? Quem sabe?
Confesso
que, como Maria José Silveira também tenho minhas dúvidas. Quando criança fica
sempre impressionado ao ouvir as histórias que as avós contavam. Elas as tinham
guardadas na memória e as contavam como se elas próprias tivessem vivido os
acontecimentos que narravam. Isso me deixava bastante curioso e sequioso em
saber detalhes. Elas sempre desconversavam e diziam que na hora certa eu
entenderia. Depois que cresci comecei a entender que as histórias moram dentro
da gente até que ganhem verdade. As palavras dão verdade a elas. Mas nem tudo
pode ser contado de um jeito desnudo. É preciso que ganhe vestimenta para que
os ouvintes possam suportar a verdade. Assim, penso que as histórias são
reflexos de uma verdade oculta que veste uma roupa que cabe em cada
leitor/ouvinte. É uma roupa sob medida.
Foi bom para mim descobrir alguns novos parâmetros teóricos na
composição de meus livros, meus personagens. Como já disse na leitura anterior
(Stephen King) sou um aprendiz no uso da palavra escrita e por isso é
importante caminhar com experientes escritores na descoberta de seu uso
perfeito.
Foi
isso que o livro de Maria José Silveira me fez pensar. Eu viajei na maionese,
como se diz. Mas foi uma viagem bonita, lúdica, criativa. Eu gostei muito de
fazer essa viagem. Espero que gostem também. Eu recomendo.
SOBRE A ESCRITA
A arte em Memórias
AUTOR: Stephen King
Editora: Suma
Ano de publicação:
2015
Quando
eu comecei a escrever não tinha a mínima noção sobre a arte da escrita. Escrever
era uma necessidade que eu tinha enquanto professor que gostava de produzir seu
próprio material para os alunos. Sabia escrever coisas ligadas ao universo
escolar e ao mundo do jovem. Eu nunca estudei ou li qualquer material que me
ensinasse a escrever profissionalmente. Como já disse em outros textos e
entrevistas, comecei a escrever literatura para crianças e jovens como parte de
minha função educativa, acreditando que com esse instrumento poderia fomentar
uma nova mentalidade e consciência. E mesmo depois que havia publicado duas
dezenas de livros ainda não me sentia um escritor convicto de minha capacidade
de atrair a admiração de leitores.
Até hoje
foi assim. Claro que o fato de ler bastante foi me dando base para incorporar
em mim as técnicas da escrita aliadas a um estilo quase oral de escrever que
ainda hoje tento manter no material que produzo.
Devo confessar,
no entanto, que fiquei muito fascinado com a leitura do livro de Stephen King,
o mestre do suspense mundial. É uma leitura deliciosa porque quase uma
autobiografia onde o escritor vai dissecando seu modus operandi de criar seus
personagens e escrever suas histórias, além de oferecer conselhos (ou talvez,
desconselhos) para quem deseja se aventurar na arte da escrita. Este foi o
primeiro livro que li e que me apresentou de forma decisiva como uma pessoa
atenta à realidade que o cerca e às experiências que vive, pode tornar-se um
grande narrador, um grande contador de histórias.
Revendo
minha própria trajetória, não posso garantir que é preciso ler todo e qualquer
livro que fale sobre a arte da escrita para tornar-se um escritor, mas garanto
a vocês que me senti reconfortado com essa leitura em particular porque, de
certa forma, me encontrei nela seja no aspecto positivo ou no negativo. Eu também
estou ali.
Esta é
minha dica para quem quer se inspirar no início do novo ano. Fique claro que não
é uma leitura literária no sentido oficial do termo, mas com certeza é uma boa
overdose de boas experiências contadas por quem sabe escrever histórias de
sucesso.
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OS ABRAÇOS PERDIDOS
Autor:
João Chiodini
Editora:
editora da Casa/2015
Trago comigo, desde criança, a
constante ausência de meu pai em casa. Ele era um excelente carpinteiro e por
conta disso viajava bastante para atender as empresas fora da capital, Belém. De
certa forma cresci com a presença dessa ausência e sei que isso deixou em mim
algumas sequelas que carrego comigo até os dias de hoje.
Foi para as lembranças de infância e das ausências de meu pai
que este livro de João Chiodini me levou durante sua leitura. Claro que não tem
nada a ver diretamente com minha infância porque a história narrada se passa em
situação urbana e fala de ausências muito mais sofridas que geram carências muito
mais profundas especialmente porque as zonas urbanas são cada vez mais
solitárias, onde as pessoas não cuidam umas das outras.
É um livro fácil de ler e que conta com singeleza a história
de um filho que, apesar dos vícios de um pai ausente, violento e viciado, o tem
como referência de família. É, portanto, a narrativa que atinge de forma direta
a todos aqueles que, como eu ou você, temos relações nem sempre tranquila com
nossos pais.
É uma obra de ficção e deve ser lida como tal, mas acredito
que a ficção traz consigo boas lições e reflexões que podem nos ajudar a ser
melhores.
É isso aí.
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O MURO
Autor: Jean Paul Sartre
Editora: Saraiva de Bolso
O texto integral do pai do existencialismo traz cinco contos que apresentam a veia literária que sempre o caracterizou. São textos densos, plenos de significações e reflexões que nos permitem pensar sobre o nosso estar no mundo com todas as contradições que isso implica para a existência humana. São contos cujos personagens centrais vivem seus dilemas pessoais a partir dos paradoxos existenciais que estão sempre a nos colocar em conflitos com o drama de viver.
No começo fiquei um pouco ressabiado em ler Sartre embora o tenha conhecido na época da faculdade de filosofia. Li algumas de suas obras filosóficas que sempre me deixaram angustiado justamente por conta de suas imbricações com a vida real. Nunca havia lido sua obra literária a qual fui apresentado agora através desta publicação de bolso. Confesso que gostei do que li. Há muito o que se refletir porque não traz o complexo pensamento filosófico sartriano, mas mostra como a literatura pode nos oferecer algumas possibilidades de leituras do mundo em que nos movemos. Não vou enganar: não é uma leitura fácil e será bom que o leitor já possua alguma iniciação no pensamento desse grande filósofo do século XX. Isso ajudará, mas para quem está acostumado à leitura literária não fará muita diferença.
Avaliação: Muito bom!
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