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MS: Índios proibidos de falar guarani em escola


Comentário DM

Vejam, caros amigos, a que ponto chegamos! Estamos no século XXI e ainda somos obrigados a conviver  com a intolerância e o desrespeito aos valores ancestrais. É hora do Brasil acordar para este tipo de comportamento já ultrapassado.
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Três estudantes da etnia indígena caiuá foram proibidos de utilizar o idioma nativo, o guarani, em uma escola municipal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. De acordo com a Folha, a exigência foi registrada em uma ata que os alunos dizem ter sido obrigados a assinar. "Disseram: 'aqui na escola o seu idioma é proibido'", garantiu o índio Laucídio Nelson, 41, que há quase dois anos frequenta uma classe noturna de alfabetização de adultos na Escola Municipal Nerone Maiolino. Além dele, assinaram o documento os caiuás Orlando Turíbio, 41, e Maura Amaral, 35. Todos são moradores da aldeia urbana de Água Bonita e colegas de sala. O episódio teria ocorrido 24 de agosto. "Foram chamando um por um na diretoria. Quando chegou a minha vez, me mostraram um livro bem grande e disseram: 'aqui tem lei contra isso'. Eu não sabia de nada, então assinei", disse Laucídio. A Prefeitura de Campo Grande qualificou a situação como um "mal-entendido" e informou, via assessoria de imprensa, que o objetivo da restrição ao uso da língua dizia respeito unicamente à questão disciplinar. Os três índios, segundo a prefeitura, usavam a língua nativa para fazer "piadas indecorosas" em relação aos outros alunos da turma, acreditando que não seriam compreendidos. Os caiuás negam a acusação. "Isso é mentira. Nós é que sofremos as brincadeiras por lá", afimaram.

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