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Educação infantil é tema de debate no Theatro Pedro II

O foco para mudanças deve ser o professor, não o aluno

Paulo Schneider
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A maneira como a literatura é trabalhada na sala de aula foi o ponto central da Mesa de Debates deste domingo, realizada no Theatro Pedro II.
O carioca e deputado federal Chico Alencar foi o primeiro a falar, deixando claro que boa literatura não tem idade. O parlamentar revelou que ainda gosta de livros infantis e utiliza seus filhos como ‘desculpa’ para continuar desfrutando deste universo. "A criança é a vida pulsante. Boa literatura é sempre boa, não importa se é adulta ou infantil", afirmou Chico.
Para a educadora Cristina Silveira, a iniciação literária deve começar em casa. Que muitos pais proíbem seus filhos de folear os livros da prateleira, com receio dos estragos que os pequenos podem causar. Algo que, para ela, é um grande equívoco.
Heloísa Prietro, que além dos 44 livros publicados participou do elogiado Castelo Rá Tim Bum (TV Cultura), comentou sobre a importância das fábulas na educação infantil. "Gosto de fábula, pois ela não tem idade. Escrevo para um público que não possui faixa etária definida". Deixando claro que adultos também podem - e devem - trabalhar o imaginário, que ajuda a compreender o universo infantil.
Daniel Munduruku apresentou a visão de uma criança indígena que foi ‘jogada’ em uma escola de brancos, onde a mensagem passada era a de que ele "precisaria deixar de ser índio para ser gente comum", desabafou o educador. Para ele, o fato do país não valorizar suas origens serve como incentivo para mudar esta realidade. Hoje, Daniel é doutor em educação.










Foto: Paulo Schneider / A 
Fonte: A Cidade

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