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Metade do número de índios mortos por falta de assistência médica foi em MT

Segundo o Cimi, em 2009 morreram 41 indígenas por falta de assistência. Desse total, 22 foram no Estado.























Relatório de uma das entidades que atua na defesa dos índios aponta: das 41 mortes registradas no país no ano passado, por falta de assistência a saúde nas aldeias, metade foi em Mato Grosso.

Um índio que perdeu um amigo que morava em uma aldeia em Nova Xavantina reclama que a falta de assistência médica pode ter sido uma das causas da morte do amigo. Indignado ele diz que as reclamações de quem mora nas aldeias são frequentes.

“Problema estrutural, problema até financeiro, e outras coisas que é falta de profissionalismo mesmo na área de saúde também”, conta o índio e jornalista Vítor Peruari.

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que acompanha a defesa dos direitos dos índios chegou a denunciar casos como este ao Ministério Público. De acordo com um levantamento do Cimi, só no ano passado, das 41 mortes registradas no país, 22 foram em Mato Grosso.

“Isso é uma responsabilidade da Funasa. Então, necessariamente eles que tem que dar a resposta para esses problemas concretos e efetivos. Nós temos indígenas morrendo, indígenas que não têm o atendimento devido e isso é responsabilidade do órgão federal”, afirma Gilberto dos Santos, coordenador regional do Cimi.

Por ano, R$ 10 milhões são destinados para a saúde indígena em Mato Grosso, dinheiro federal administrado pela Funasa. Apesar da Fundação Nacional de Saúde admitir que o recurso é suficiente para oferecer uma assistência de qualidade, alega outras dificuldades.

“Há muita dificuldade de você encontrar o profissional com perfil adequado para trabablhar nas aldeias, há dificuldade de acesso às aldeias devido a precária conservação das estradas. É necessário fazer um planejamento com ações integradas envolvendo outros setores de governo para que nós tenhamos ações contínuas e com vistas a uma qualidade melhor.

Este ano, uma operação da Polícia Federal prendeu 36 pessoas, acusadas de desvio de verbas que seriam aplicadas na saúde das aldeias do estado, um prejuízo que passou de R$ 50 milhões aos cofres públicos. Entre os presos estavam funcionários públicos e integrantes de organizações sociais que prestavam serviço à Funasa.

Fonte: TVCA

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