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Notícias dos povos indígenas

Raposa Serra do Sol: tensão
O assassinato de um indígena na Vila do Surumu na madrugada de ontem acirrou o clima na região onde fica a entrada principal da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR). Testemunhas dizem que o crime pode ter a ver com a aproximação da conclusão da votação no Supremo Tribunal Federal sobre a homologação. O clima de tensão é maior porque a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança deixaram Surumu. Há relatos de que pessoas contrárias à homologação avisaram que haverá uma grande mobilização, antes da votação no STF, inclusive com reféns - Folha de Boa Vista, 12/2.

Funai pede à PF que investigue canibalismo
A Funai vai pedir à Polícia Federal que assuma as investigações sobre o assassinato de um jovem não-índio de 21 anos em uma aldeia da etnia Kulina, em Envira (AM). Ao menos cinco índios Kulina são suspeitos de matar o jovem e de comer seus órgãos. De acordo com o relatório do chefe do posto da Funai de Eirunepé (AM), Paulo Rodrigues Hayden, os índios e a vítima "estavam embriagados". Segundo a Funai, não existe a prática de antropofagia entre os povos indígenas no Brasil contemporâneo: as únicas referências datam da era colonial. Os Kulina têm contato com não-índios desde o século 19. "A antropofagia não faz parte da cultura dos Kulina. Além disso, eles estão em contato com os não índios há muito tempo", confirma o antropólogo Stephen Baines, professor da UnB - FSP, 12/2, Brasil, p.A9; CB, 11/2, Brasil, p.11.

Salesiano lança livro "Ritmos e rituais yanomami"
Foi lançado terça-feira no Auditório da Faculdade Salesiana Dom Bosco em Manaus o livro "Ritmos e rituais yanomami", de autoria do padre Luis Laudato. Ele e seu irmão Francisco Laudato estiveram com os Yanomami de Maturacá, aldeia situada no extremo oeste da Terra Indígena Yanomami, no estado do Amazonas, entre 1978 e 1992. A obra já foi traduzia para o italiano e há previsão de edições em alemão, francês, espanhol e inglês. Os direitos autoriais serão revertidos aos Yanomami - A Crítica, 11/2, p. BV1.

Comentários

  1. Dani: preparei um Meme pra você no meu Blog, destacando uma frase do livro "A palavra do grande chefe". Espero que goste.Paz em Nhande Rú, Grauninha

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A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

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(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...