Pular para o conteúdo principal

Gente de Cor, Cor de Gente - Dica de Leitura

GENTE DE COR, COR DE GENTE
Você acha que é possível ver um livro e sentir que o leu? Acha que é possível ler um livro e sentir que o viu? Acha que é possível sentir o que viu e leu?
Foi tudo isso que me despertou a leitura e vistura do belo livro sem palavras Gente de Cor, Cor de Gente do escritor de imagens Maurício Negro. É um livro sem palavras, mas quem precisa de palavras para ler os sentidos das imagens, não é mesmo?
O livro nos lembra que usamos com muita frequência as cores para revelar nosso estado de espírito como quando dizemos que estamos “roxos de fome” ou “azuis de frio”. Lembra-nos que as cores são imagens que nos remetem a sentimentos, presenças ou ausências que moram dentro da gente. Lembra que gente é Gente independente da cor que cobre o seu corpo e que nossas diferenças não nos empobrecem. Ao contrário, a riqueza do mistério que envolve nossa existência está na diversidade e como convivemos com ela. É um livro que fala – sem palavras – que a cor das pessoas é sua maneira singular de enriquecer a tessitura da vida.
É um livro rico de sentidos e significados. Pode ser lido por todas as idades, pois todos precisam aprender o tempo todo. Também pode ser um rico instrumento para educar nosso jeito de olhar para as coisas que nos cercam e ver/sentir/ler a beleza que elas trazem e o bem que fazem às nossas vidas.

Ficha Técnica
Título: Gente de Cor Gente de Cor
Autor e Ilustrador: Maurício Negro
Editora: FTD – 2017
Vídeo em que o autor fala de sua obra:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...