Pular para o conteúdo principal

Família acusa polícia de ter espancado indígena em Nova Olinda do Norte

A família do indígena da etnia maraguá, Franquimar Pereira da Silva, 26, que morreu na noite de sábado (26), em um hospital do município de Nova Olinda do Norte (a 135 quilômetros de Manaus), suspeita que ele tenha sido vítima de espancamento, dentro da delegacia do município.

O índio estava preso por tráfico de drogas há aproximadamente três meses.

O primo da vítima, Kalebe Seixas Reis, 31, disse que o indígena foi levado ainda na tarde de sexta-feira (25), para o Hospital Doutor Galo Ibanes Penaranda, passando mal, e após ser atendido e medicado, voltou para o 43º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde estava detido.

Segundo Kalebe, na noite de sábado, a família recebeu uma ligação dizendo que Franquimar tinha sido levado novamente para o hospital e já tinha chegado no local morto.

“Acreditamos que ele foi espancado e morreu em consequência disso porque estava cheio de hematomas pelo corpo. No hospital inicialmente disseram para família que ele morreu vítima de um ataque cardíaco, mas como vimos as marcas da agressão ficamos desconfiados”, contou.

Os familiares da vítima, enterrada na tarde de ontem, disseram que após receberem o laudo pericial vão tomar as medida cabíveis para que o fato seja apurado. “Quando tivermos o documento na mão, vamos procurar a Justiça, para que isso não fique impune”, exclamou o primo.

Segundo informações do investigador Elizanildo Soares, o indígena estava preso na delegacia desde o dia 24, quando foi recapturado pela polícia, após fugir do presído do município, no último dia 23. O investigador disse, ainda, que Franquimar estava muito debilitado após ficar escondido no matagal e que as marcas pelo corpo da vítima são em consequência da fuga.

O coordenador-geral da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Ferrarezi, disse que vai entrar em contato com a delegacia de Nova Olinda do Norte para apurar os fatos e saber o que aconteceu. “Vamos investigar e apurar os fatos”, relatou.

Fonte: Em Tempo Online

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...