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‘Vamos permanecer’, diz indígena de acampamento alvo de ataque em MS

Duas semanas após o ataque ao acampamento de um grupo indígena da etnia Guarani-Kaiowá na zona rural de Iguatemi, a 466 quilômetros de Campo Grande, o clima ainda é de tensão e medo entre as 55 famílias provisoriamente instaladas às margens de uma estrada vicinal. O relato foi feito por telefone ao G1 pelo líder indígena Hide.
“Não vamos brigar com os fazendeiros, só queremos nossa terra e vamos permanecer”, disse o líder indígena referindo-se ao processo de demarcação da terra indígena Pueblito Kue.
Após o ataque registrado em 23 de agosto, quando parte do acampamento foi incendiado, o grupo mudou-se para as margens de uma rodovia estadual. O local também é próximo de um rio que delimita a Terra Indígena Sassoró. Mesmo assim, segundo Hide, as ameaças continuaram. “A gente não tem mais lona e usa palha de coqueiro para se abrigar, mas o pessoal vem à noite e derruba tudo”, conta o líder indígena.
Tonico Benites, intérprete da língua guarani e que tem dialogado com os indígenas acampados em Iguatemi, relatou que no último fim de semana o grupo ficou praticamente isolado. “A estrada foi bloqueada e alguém derrubou a ponte móvel que servia para abastecer o acampamento com comida. As autoridades já foram avisadas sobre o que está acontecendo lá”, afirma.
O Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar as denúncias de ataque e analisa materiais colhidos no local do ataque. Em vistoria, a Polícia Federal havia encontrado aproximadamente 20 balas de borracha deflagradas. (Fonte: Hélder Rafael/ G1)

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