Pular para o conteúdo principal

MONDAGARÁ: O ENCANTO LITERÁRIO DA FLORESTA

Por Luana Costa

            Hoje, a história de Mondagará Traição dos Encantados foi contada pelo escritor e contador de histórias Roni Wasiry Guará no Espaço Leitura da FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, que acontece no Rio de Janeiro no Centro de Convenções SulAmérica até o dia 17. A história, que maravilhou dezenas de crianças vindas de escolas de Niterói, Rio e diversos municípios do Estado, é a de Mondagará, seu belíssimo livro, obra literária apoiada pelo NEARIN (Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas do Inbrapi). Nascido em Boa Vista dos Ramos - Amazonas, e pertencente ao povo  indígena Maraguá, Wasiry vê na Literatura um instrumento eficaz e importante na transmissão dos conhecimentos de sua comunidade, além de uma via potente para transformar alguns estereótipos criados com relação ao indígena. “Não somos homogêneos, somos distintos uns dos outros; cada um tem sua língua, seus mitos, grafismos e significados, lendas e histórias distintas, cada uma com sua beleza peculiar, mágica”, afirma o autor. Mondagará Traição dos Encantados é prova disso. Em forma de remo, o Mondagará é um artefato sagrado cujos grafismos contam e guardam as histórias sagradas de seu povo. Ler os grafismos do Mondagará é mergulhar em uma vasta sabedoria ancestral, profunda e infinda, já que o remo é um instrumento utilizado não apenas para se locomover no rio, mas para “ir além”. Com seu livro, de fato vamos fundo nas histórias do povo Maraguá e tocamos em terrenos imaginários misteriosos e desconhecidos. Com delicadeza e cuidado, Waisiry tece uma rede de palavras capazes de enredar e embalar todos os jovens nessa instigante aventura, passada na nossa floresta brasileira. Impossível não se encantar. Deixamos então o convite: Que tal pegarmos nosso Maraguá e partirmos nesta expedição literária rumo às matas do Amazonas?

Roni Wasiry Guará autografando no stand da Ed. Formato
13º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens


* o Livro pode ser encontrado através da Livraria Saraiva.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO

MINHA VÓ FOI PEGA A LAÇO Pode parecer estranho, mas já ouvi tantas vezes esta afirmação que já até me acostumei a ela. Em quase todos os lugares onde chego alguém vem logo afirmando isso. É como uma senha para se aproximar de mim ou tentar criar um elo de comunicação comigo. Quase sempre fico sem ter o que dizer à pessoa que chega dessa maneira. É que eu acho bem estranho que alguém use este recurso de forma consciente acreditando que é algo digno ter uma avó que foi pega a laço por quem quer que seja. - Você sabia que eu também tenho um pezinho na aldeia? – ele diz. - Todo brasileiro legítimo – tirando os que são filhos de pais estrangeiros que moram no Brasil – tem um pé na aldeia e outro na senzala – eu digo brincando. - Eu tenho sangue índio na minha veia porque meu pai conta que sua mãe, minha avó, era uma “bugre” legítima – ele diz tentando me causar reação. - Verdade? – ironizo para descontrair. - Ele diz que meu avô era um desbravador do sertão e que um dia topou...

A FORÇA DE UM APELIDO

A força de um apelido [Daniel Munduruku] O menino chegou à escola da cidade grande um pouco desajeitado. Vinha da zona rural e trazia em seu rosto a marca de sua gente da floresta. Vestia um uniforme que parecia um pouco apertado para seu corpanzil protuberante. Não estava nada confortável naquela roupa com a qual parecia não ter nenhuma intimidade. A escola era para ele algo estranho que ele tinha ouvido apenas falar. Havia sido obrigado a ir e ainda que argumentasse que não queria estudar, seus pais o convenceram dizendo que seria bom para ele. Acreditou nas palavras dos pais e se deixou levar pela certeza de dias melhores. Dias melhores virão, ele ouvira dizer muitas vezes. Ele duvidava disso. Teria que enfrentar o desafio de ir para a escola ainda que preferisse ficar em sua aldeia correndo, brincando, subindo nas árvores, coletando frutas ou plantando mandioca. O que ele poderia aprender ali? Os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram os mais difíceis. Sobre s...

HOJE ACORDEI BEIJA FLOR

(Daniel Munduruku) Hoje  vi um  beija   flor  assentado no batente de minha janela. Ele riu para mim com suas asas a mil. Pensei nas palavras de minha avó: “ Beija - flor  é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá. É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda  beija - flor .” Foto Antonio Carlos Ferreira Banavita Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos. Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”...e contava coisas que ela tinha vivido...e contava coisas de papai e mamãe...e contava coisas de  hoje ...