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Pistas clandestinas poderão atender índios, sugere Funasa

O Ministério da Justiça poderá rever o programa de destruição de pistas de pouso clandestinas e preservar as que servem para transporte de medicamentos e vacinas para comunidades indígenas e outras áreas remotas na Amazônia. A medida, sugerida pela Funasa, será analisada pelo ministério, em conjunto com o Ministério da Defesa, o Comando do Exército e a Polícia Federal, órgão encarregado de dinamitar as pistas, conforme afirmou ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro. Mas ele faz um alerta: "Onde houver possibilidade de se criar um esquema de controle eficaz, não vejo problema, mas o governo não vai permitir o uso de aeroportos ilegais para tráfico de drogas, o roubo da nossa biodiversidade e a ocupação ilegal do nosso território por interesses estranhos ao País". O programa de destruição de pistas clandestinas foi deflagrado em 2005 e desde então, já foram dinamitadas mais de cem pistas, várias em terras indígenas e área de preservação ambiental - OESP, 23/1, Nacional, p.A10.

Situação crítica
Relatório da Funasa, indica que a situação mais grave é a do Vale do Javari, onde epidemias de malária e de hepatite saíram de controle nos últimos anos. A região, uma das mais preservadas da Amazônia brasileira, fica entre o Acre, o Amazonas e a fronteira com o Peru. Nela vivem cerca de 5 mil índios de várias etnias. Várias pistas clandestinas na reserva vinham servindo de suporte para invasões de madeireiras, inclusive algumas oriundas do Peru, e por traficantes de drogas. No Vale do Javari, o número de vítimas fatais das epidemias de malária e hepatite pulou de 30 casos em 2005 para 39 em 2006 e mais de 50 no ano passado, um crescimento de cerca de 60% em dois anos, conforme os dados da Funasa. No início do ano, cerca de 500 índios da região atravessaram a fronteira para buscar atendimento médico no Peru contra malária e hepatite - OESP, 23/1, Nacional, p.A10.

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