BIBLIOTECA MUNICIPAL EM VISITA

 

BIBLIOTECA MUNICIPAL EM VISITA


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Ive a alegria de visitar a Biblioteca Pública de Lorena. Como diz o ditado, fiquei como “pinto no farelo”. Não que já não conhecesse o espaço ou não tivesse realizado atividades em tempos passados, mas quem visita bibliotecas sempre, deixa transbordar sua felicidade.

Sempre que visito cidades faço questão de ir à biblioteca. Hábito antigo para tentar captar a seriedade cultural da gestão. É fácil perceber o cuidado com o tema da cultura apenas pela observação de como uma biblioteca pública está sendo gestada. O cuidado com a leitura é também o cuidado com a educação, com a formação para a cidadania e a valorização das artes e das ciências.

Foi com este objetivo que fui fazer esta visita em companhia da diretora de cultura, Polyana Zappa. Ainda que já conhecesse o prédio, me surpreendi positivamente com a limpeza e a organização do local. No entanto, fiquei sabendo das infiltrações de água pelo teto colocando em risco o acervo bibliográfico o que faria Lorena perder grande parte de sua historiografia uma vez que ali está concentrado a maior parte da história escrita da cidade. Isso me deixou deveras preocupado.

A biblioteca infantil também está localizada na parte inferior do prédio. Não existe nenhum cuidado com este acervo ou com a organização dos livros para facilitar o acesso ao público ao qual ela é voltada: as crianças. Do ponto de vista que defendo, Lorena deveria ter uma biblioteca voltada apenas para o público infantil e que fosse toda adaptada para o atendimento das crianças e o atual prédio servisse para todos os outros usuários. A primeira infância precisa ter uma atenção especial, pois é o momento em que as crianças pequenas desenvolvem o gosto pela leitura e, consequentemente, o espírito crítico e cidadão. As idades seguintes precisam ser incentivadas a continuarem leitoras. Daí a importância de atualizar o acervo com a aquisição de publicações mais recentes e conectadas com os interesses dos leitores. Uma biblioteca infantil precisa ser toda ela gerenciada por profissionais com qualificação para o atendimento dessa faixa etária.

A leitura precisa virar uma política pública no município. Isso incentivará as escolas a adotarem salas de leituras, brinquedotecas e atividades de estímulo à leitura literária. Defendo, por isso, a retomada da discussão do plano municipal do livro, leitura, literatura e biblioteca. Repito: estamos perdendo um tempo precioso de formação de nossas crianças. Não há nenhuma possibilidade de construirmos uma cidade moderna sem investirmos na cultura da leitura. Ou seja, tornarmos a leitura uma prática cotidiana na vida dos cidadãos Lorenenses.

Por fim, penso que nossa biblioteca municipal precisa passar por sérias reformulações tanto na parte física quanto no atendimento ao público. Isso passa desde a atualização do acervo bibliográfico, modernização do sistema, o cuidado com os objetos que guardam a memória da cidade até a ampliação do horário de atendimento para que possa possibilitar o acesso ao público trabalhador que não pode frequentá-la em horário comercial. Abrir no final de semana – ao menos de forma escalonada – seria também uma boa medida.

Para além de tudo isso, é fundamental desenvolver um projeto de leitura que envolva a cidade como um todo, em todos os cantos. Aqui caberia pensar na efetividade dos centros culturais que serviriam como catalisadores de projetos das próprias comunidades.

Sei que isso parece um sonho, mas não. É um projeto de cidadania. Sem investir verdadeiramente na capacidade de nossa sociedade, não teremos futuro. E o futuro passa pela leitura literária. Essa verdade está no DNA das grandes revoluções que aconteceram na história do mundo. Fica a dica.

A esta visita fui acompanhado por Endrews Veccionni, assessor de relações institucionais do Instituto Uka – Casa dos Saberes Ancestrais e por Richiely Ikeizumi, assessora de comunicação da mesma instituição.

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